COLUNA: EFEITO BORBOLETA

ESSE É UM DIA ESPECIAL… 

Dia 20 de fevereiro de 2016. Assembleia Geral dos Professores do estado do Rio de

Janeiro, preparando-se para o início da greve.

Caros colegas, logo de início, quero solicitar que não olhem para minhas palavras com

descaso, como se elas não dissessem nada a você ou que fosse te incomodar nos seus afazeres

de sábado ou nos compromissos da semana. 

Não… elas falam de nós. De cada servidor público do estado do Rio de Janeiro… de cada

professor, em especial. 

Estamos sendo assolados por uma onda de maus tratos que não vêm de hoje. Nos

acomodamos, a verdade é essa, e deixamos que fizessem conosco o que quiseram. 

Nos oprimiram com serviços inúteis, provas mentirosas, índices forçados e forjados,

partiram a classe com bonificações irreais e um sistema de meritocracia que apenas serviu aos

Em contrapartida, sucatearam as escolas, não nos deram condições de trabalho, fomos

oprimidos para produzir para eles os dados que os favoreceram… 

Fizemos tudo cabisbaixos e humilhados e como se não bastasse, nosso décimo terceiro foi

parcelado e nosso pagamento tratado como moeda de transação para fins escusos e nossas

contas ficaram atrasadas. 

Nos ameaçam com parcelamento de salários e ainda nos atemorizam com aumento de

Pergunto? 

Continuaremos fingindo que nada está acontecendo?

É nítida a inércia dos colegas nas escolas. A falta de ânimo para o trabalho. Compreendo.

Mas vamos fingir que nada está ocorrendo? 

É a hora e a vez. 

Não finja. Lute. 

Nossos colegas da capital estiveram em assembleia hoje, para determinarem diretrizes

para nossa ação futura. Não estamos lá com eles. Mas somos parte de um corpo que vibra.

Vamos deixar de vez a atitude paralisada como se fôssemos um membro necrosado do corpo vivo

que está lá. Não estamos mortos. O sangue circula em nós ligados aos demais membros, a eles. 

Não tomemos mais a atitude medíocre de cerrarmos os nossos olhos para o óbvio e

apenas esperarmos para usufruírmos das vantagens das conquistas deles. Essa passividade

Temos que assumir a nossa parte na luta. 

Ganharmos os possíveis benefícios, mas arcarmos também com o ônus da guerra. Isso

Conclamo os colegas das escolas de Cordeiro a assumirem posições. 

Colegas do Constança, que hoje me abriga. Somos uma escola pequena mas de grandes

pensadores. Professores de respeito e garra. Vamos à luta.

Colegas do CEAP, que ao contrário do Constança é uma escola grande, com muitos

professores. Com uma história de luta de grandes servidores que lideraram movimentos fortes de

oposição e luta por direitos. Exercitem como no passado a sua força. A essência da luta está ai. 

Colegas do CIEP, escola que tem na sua base os ideais do grande educador Darcy

Ribeiro. Que foi palco, em sua quadra, para memoráveis encontros de professores em luta. 

Colegas do IEIA, formadores de profissionais da educação. Talvez a parcela dos

profissionais que devessem estar mais comprometidos, pois reproduzem nossos sucessores. Que

tipo de sucessão queremos? A consciente e cidadã ou a de massas de manobra? 

Colegas do CEJA, que mantém contato com alunos das mais diversas procedências e

idades. Muitos deles, indivíduos que tiveram pouca oportunidade na vida. Que são frutos das

desigualdades. Somos responsáveis por isso. Pois é nossa obrigação formar cidadãos capazes

de fazerem suas escolhas com consciência. 

Ao invés de amputar, deixemos o sangue correr pelo membro que ainda não está morto. 

Somos capazes.

Somos conscientes.

Temos valor. 

Vamos à luta?

Com carinho e respeito. 

Beto Alves