Maioria dos deputados do Rio disse ‘sim’ ao afastamento de Dilma Rousseff

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Ao todo, 34 foram a favor do impeachment da presidente petista. Apenas 11 defenderam continuidade de seu mandado

O DIA
Brasília – Nada menos do que 73,91% dos 46 votos da bancada do Rio de Janeiro foram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O estado registrou 11 votos contrários — entre eles, o do líder do PMDB, Leonardo Picciani, e do ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Ambos rejeitaram a indicação do partido de votar a favor do impedimento.

Antes fiel aliado de Dilma, o PMDB do Rio mudou drasticamente de posição há cerca de duas semanas. Tudo sob a batuta de Jorge Picciani, presidente da Alerj e do PMDB fluminense. Sua atuação foi decisiva para virar os votos dos outro nove deputados peemedebistas, que se posicionaram contra Dilma.

Pré-candidato à prefeitura do Rio, Pedro Paulo Carvalho reassumiu o mandato para declarar apoio ao impeachment. Voto dado com a bênção do prefeito Eduardo Paes que, até bem pouco tempo, fazia juras de amor à presidente Dilma. Os deputados Marco Antônio Cabral (PMDB), filho do ex-governador Sérgio Cabral, Sérgio Zveiter (PMDB) e Arolde de Oliveira (PSC) também voltaram à Câmara para votar — todos são a favor do afastamento de Dilma.

A Rede de Marina Silva votou dividida no Rio. O ex-petista Alessandro Molon, outro pré-candidato à prefeitura carioca, apoiou Dilma. Já o deputado Miro Teixeira votou a favor do impeachment. Os partidos de esquerda — PT, Psol e PC do B, votaram unidos contra o pedido de impeachment.

O depuatdo Jean Wyllys, também do PSOL, manifestou-se constrangido por participar do processo de impeachment. “Estou constrangido de participar dessa farsa, conduzida por um ladrão e apoiada por torturadores. Durmam com essa, canalhas”, concluiu.

Celso Pansera antecipou goleada, por Fernando Molica

O deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ), que deixou o Ministério da Ciência e Tecnologia para votar contra o impeachment, previu, no início da tarde de ontem, uma vitória fácil no plenário. Ao contrário da maioria dos políticos, ele disse ao ‘Informe do DIA’ que a votação não seria apertada e o vencedor — qualquer que fosse — teria uma grande vantagem.

Segundo ele, a significativa diferença para um lado ou para o outro ocorreria por conta de cerca de 80 deputados que se mantinham indecisos e esperariam o início da votação para resolver o que fazer. Movidos pela preocupação de ficar bem com o vencedor — Dilma Rousseff ou Michel Temer —, eles observariam, atentos, as mudanças nos resultados previstos para cada estado. Como a tendência pró-impeachment se revelou mais forte desde cedo, os indecisos trataram de pular para este lado.

PÍLULAS

TCHAU QUERIDA

“Nem Legião Urbana, nem Cazuza. A música que mais tocou ontem na Avenida Paulista, tirando risadas e aplausos dos manifestantes, é uma versão de “Bye, bye, tristeza”, canção que ficou famosa com a cantora Sandra de Sá. A versão dos ativistas faz referência ao grampo telefônico da conversa entre a presidente Dilma e Lula. Na conversa, o petista de despede da chefe de Estado com um “tchau, querida”. O “tchau, querida” também está em cartazes e camisetas de manifestantes.

VIRGEM MARIA

Ao chegar à Câmara para a votação do impeachment, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) comparou a presidente Dilma à Virgem Maria e disse que não existia motivo jurídico para o afastamento da petista. Segundo Maluf, no entanto, o Brasil precisa de uma mudança. “Dilma é uma mulher honesta, correta, uma Virgem Maria que foi contratada para ser cozinheira em um ambiente menos honesto”, disse o deputado. “Para a presidente não tem nenhuma questão jurídica, mas acho que o Brasil precisa de mudança”, completou. Ele também elogiou Lula, a quem chamou de “grande estadista”. Em tempo: Maluf votou contra Dilma.

PEDALADA

Horas antes da votação do impeachment no Congresso, a presidente Dilma saiu para pedalar nas cercanias do Palácio do Alvorada. Eram 7h40 da manhã. Habituada a andar de bicicleta pela manhã, Dilma desta vez mudou o horário e reduziu seu percurso. Geralmente, Dilma sai para andar de bicicleta mais cedo, por volta das 6h. E, em vez de pedalar por quase uma hora, ela ontem ficou fora do Palácio somente por 15 minutos.

VINGANÇA

Demitido pela presidente Dilma em 2011 do Ministério dos Transportes sob suspeita de corrupção, o presidente do PR e deputado federal, Alfredo Nascimento (AM), teve seu momento de se vingar da petista. Durante a votação em plenário, ele anunciou a renúncia ao comando da legenda – que havia decidido liberar a bancada em relação ao pedido – e se manifestou contra Dilma.

TIRIRICA

O deputado federal Tiririca (PR-SP), que fez mistério sobre seu voto durante semanas, votou ontem a favor do impeachment. “Votei com o coração e vamos ter fé que o Brasil vai melhorar”, disse.

PELA TV

Tanto Dilma quanto Michel Temer receberam aliados ontem, em suas residências oficiais em Brasília, onde acompanharam pela TV os discursos dos parlamentares no Congresso. No Palácio da Alvorada, Dilma estava com os ministros Miguel Rosetto (Trabalho e Previdência), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (chefe de gabinete da presidência). Já no Palácio do Jaburu, Temer acompanhou a votação ao lado do ex-ministro Eliseu Padilha, um de seus principais articuladores.

PANELAÇO
Assim que o deputado Bruno Araújo deu o 342º voto pelo impeachment, moradores de vários bairros do Rio, como a Lapa, e de Niterói bateram panelas e buzinaram para comemorar o resultado.

FAMILIARES

A sessão de votação do impeachment na Câmara foi acompanhada de perto por mais de 470 parentes e amigos de deputados. A Câmara autorizou que os parlamentares indicassem até cinco nomes de familiares. Eduardo Cunha havia cogitado acomodar esses convidados na galeria, mas depois deixou o espaço só para a imprensa.

CUSPE

Após terminar de anunciar o seu voto, Jean Wyllys (Psol-RJ) cuspiu na direção de Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ambos são do Rio e, por isso, votaram no mesmo bloco. Em seu discurso, Bolsonaro enalteceu o ex-chefe de um dos órgãos de repressão da ditadura militar. Wyllys , que votou contra o impeachment, confirmou ter cuspido na cara de Bolsonaro. “Na hora em que fui votar esse canalha (Bolsonaro) decidiu me insultar na saída e tentar agarrar meu braço. Ele ou alguém que estivesse perto dele. Quando ouvi o insulto eu devolvi, cuspi na cara dele que é o que ele merece”, explicou Wyllys. “Eu cuspiria na cara dele quantas vezes eu quisesse e quantas vezes tivesse vontade.”