Debatedores defendem valorização da família como forma de desenvolvimento social

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Deputados e especialistas afirmaram, nesta quarta-feira (21), que a valorização da família é uma forma de impulsionar o desenvolvimento da sociedade. Durante o seminário “Valorização da Família”, promovido pela Comissão de Seguridade Social e Família, foram debatidas formas de como apoiar a família. O debate ocorreu na data em que se comemora o Dia Nacional de Valorização da Família (21 de outubro).

Para o deputado Diego Garcia (PHS-PR), um dos parlamentares que solicitaram o seminário, a atual desestruturação da família pode resultar em problemas como a fome, que leva crianças a se prostituir. Por isso, ele defende ações públicas voltadas para a família, como aquelas que permitem às trabalhadoras que são mães passar mais tempo com seus filhos.

“O foco é colocar a família como protagonista de novas políticas públicas que tragam proteção, e as condições para a sociedade brasileira se desenvolver”, disse o parlamentar, que foi relator do Estatuto da Família, aprovado recentemente pela Câmara.

Reflexo das mudanças globais
Na avaliação ex-ministro de Desenvolvimento Social do Chile Bruno Baranda Ferrán, a desestruturação familiar verificada em todo o mundo é um reflexo da globalização, das mudanças tecnológicas e da migração. Segundo ele, até o crescimento desordenado das cidades afeta as famílias, uma vez que as mais pobres passam a morar em bolsões de pobreza longe dos locais de trabalho. O resultado é que os pais passam mais tempo longe dos filhos.

Apesar do contexto mundial, Baranda disse que a família ainda tem um papel fundamental na formação das pessoas e, por isso, deve ser valorizada. O ex-ministro trouxe exemplos de como essa valorização ocorre no Chile, que busca apoiar as famílias extremamente pobres. Os programas incluem bônus para pais que levam os filhos ao médico ou que os mantêm na escola, além de educação financeira, entre outras medidas.

“O estado deve criar oportunidades e promover a família. Por sua parte, a sociedade tem uma grande cota de responsabilidade, deve reconhecer o valor do tempo com a família”, afirmou Baranda Ferrán.

Sociedades fortes
Também o consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) Ignacio Socías defendeu a família como base social, de forma a evitar a pobreza infantil e permitir o cuidado com os mais velhos. “As famílias estáveis e saudáveis são o fundamento das sociedades fortes. Quando uma família se rompe, a sociedade sofre e o papel do governo tende a expandir-se”, observou.

Socías lamentou o fato de haver cada vez mais crianças que crescem em um ambiente inadequado, sem a presença de pais que eduquem. Ele disse também que as pessoas que decidem formar uma família devem assumir um compromisso. “O que a sociedade necessita para produzir cidadãos responsáveis é um ambiente de compromissos. A família que tem filhos está envolta em um processo que dura muito tempo e durante esse tempo necessita de um ambiente adequado. Exige-se que todas as partes envolvidas cheguem a um acordo”, acredita. Para o consultor, não existe um modelo ideal de família, desde que ela funcione como tal.

Em relação aos idosos, Ignacio Socías disse que muitos acabam sozinhos em razão dos decréscimos das taxas de natalidade. Sobre esse ponto, o diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional das Entidades de Família (CNEF), Paulo Tominaga, defendeu que as famílias tenham mais liberdade para decidir o número de filhos que querem ter. Porém, para isso, seria necessário mais apoio do Estado.

“Nós precisamos encontrar caminhos para apoiar as famílias numerosas. Há pais que desejam ter muitos filhos, mas não se sentem capazes”, disse, destacando a importância das políticas tributárias para incentivar as famílias.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Luciana Cesar