A área ao redor da Estação da Leopoldina e do Terminal Gentileza, em São Cristóvão, vem se transformando aos poucos. Depois de décadas dominada por galpões de antigas empresas, a região começa a receber empreendimentos residenciais embalados pelo sucesso das vendas no Santo Cristo, pelos projetos do novo estádio do Flamengo e pela revitalização da histórica estação ferroviária.
Entre as construtoras de olho nesse “porto estendido”, a Cury vem se destacando. Consolidada no Porto do Rio com 18 lançamentos, a empresa adquiriu os antigos terrenos da Companhia da Luz Esteárica, na Avenida São Cristóvão, a poucos metros do Gentileza. Fundada no século XIX pelo Barão de Mauá para fornecer velas e combustível para a iluminação da então capital do Império, o espaço da companhia já passou por várias mãos. Em 2013, a Tishman Speyer, dona do Rockefeller Center em Nova York, chegou a anunciar a incorporação de um quarteirão inteiro de prédios e sobrados no local, mas desistiu do projeto em 2021 (a ideia era erguer um conjunto corporativo de alto padrão), deixando o terreno à venda — especulava-se valor na casa dos R$ 50 milhões. O terreno também chegou a ser estudado pelo Prefeitura, que iria desapropriá-lo para receber os projetos da Cidade do Samba 2, mas a tradicional imobiliária Sérgio Castro Imóveis conseguiu vender o imóvel à Cury por um valor ainda não revelado.
O plano da Cury prevê a construção de cerca de 1,7 mil apartamentos de um a três quartos, distribuídos em quatro torres de 18 pavimentos. A obra do enorme quarteirão de 18 mil metros quadrados terá duração estimada em três anos. Para preservar a memória do local, alguns galpões históricos da antiga Companhia de Luz Esteárica serão restaurados, mantendo marcos como a antiga chaminé (apesar de ser um prédio centenário, ele não é tombado pelo município).
O projeto também vai aproveitar os mecanismos de incentivo do Porto Maravilha. A construtora utilizará os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) para erguer torres mais altas — sem eles, os edifícios teriam limite de seis pavimentos. As regras aprovadas em 2024 para São Cristóvão permitem, em alguns pontos, construções de até 36 andares, equivalentes a 108 metros de altura. A superintendente da Sérgio Castro, Lucy Dobbin, entende que “este será o lançamento mais emblemático da história de São Cristóvão, e a Sérgio Castro chega a seus 76 anos com orgulho de ajudar a Cury a realizar este projeto”.