Um retrato inédito da realidade do acolhimento institucional no Rio de Janeiro será apresentado pela primeira vez ao público no próximo dia 26 de agosto, na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). A Avaliação Longitudinal das Instituições de Acolhimento (ALIA 2024-2025), conduzida pelo Instituto Rede Abrigo em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), investigou 130 unidades de acolhimento e registrou informações de 1.156 crianças e adolescentes. O levantamento abrangeu mais de 80% da rede fluminense, dando amplitude inédita ao diagnóstico.
Os dados revelam que, mesmo após o acolhimento, meninos e meninas seguem expostos a graves violações de direitos. A pesquisa apontou defasagem escolar persistente, limitações no acesso à saúde física e mental e estruturas precárias em diversas instituições.
Grande parte das crianças e adolescentes chega aos abrigos com histórico de violência física, psicológica e, em alguns casos, sexual. Essas marcas exigem atendimento especializado, que nem sempre está disponível. No campo da saúde, as unidades enfrentam dificuldades para garantir tratamentos contínuos, especialmente em casos de doenças crônicas. O acesso à saúde mental também é limitado, com obstáculos para encaminhamento e manutenção de atendimentos psicológicos e psiquiátricos.
Na educação, o atraso escolar aparece como um dos desafios mais críticos: muitos acolhidos estão em séries incompatíveis com a idade, o que compromete o aprendizado e eleva o risco de evasão. Já em relação à infraestrutura, a pesquisa constatou situações em que crianças precisam compartilhar roupas, objetos pessoais e até espaços de guarda, comprometendo a privacidade e a dignidade dos acolhidos.
Para o diretor do Instituto Rede Abrigo, Douglas Lopes, os resultados apontam a necessidade de uma resposta imediata. “Estamos falando de crianças e adolescentes que já sofreram violações graves e que, mesmo no acolhimento, enfrentam barreiras para acessar direitos básicos. A pesquisa mostra realidades que precisam ser enfrentadas com políticas mais fortes, recursos adequados e equipes preparadas”, afirma.
Os resultados completos serão debatidos no dia 26 de agosto, às 10h, no Auditório das Comissões da Alerj, no evento “Cenário do Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes no RJ”, promovido pelo Instituto Rede Abrigo em parceria com a Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da Alerj.