Erguido há 116 anos, o prédio do Cine Íris, que fica na Rua da Carioca, no Centro da cidade, está com sérios problemas estruturais. De acordo com laudo do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), compartilhado com a Defesa Civil, o teto do imóvel pode desabar. Por conta disso, o espaço foi interditado em julho deste ano. No entanto, acabou sendo reaberto no último mês de agosto.
Parte do grupo de pessoas que administram o Cine Íris apresentou um novo laudo e conseguiu a autorização para reabrir o prédio. A outra metade dos responsáveis pelo imóvel é contra a reabertura sem que uma obra completa seja realizada.
“Somos 12 sócios. Quatro ou cinco discordam totalmente dessa reabertura. Somos todos familiares“, informou um deles, que preferiu não ter o nome citado na reportagem.
Entretanto, os sócios contrários à reabertura alertam que o novo laudo libera a abertura do prédio para a realização da obra e não para receber público – como vem acontecendo.
Laudo que permitiu a reabertura
“É Boate Kiss. Tragédia anunciada. Se um pedaço do teto cai na cabeça de alguém que está lá pode matar”, afirmou a fonte ouvida pelo DIÁRIO DO RIO.
O laudo do Inepac que levou a interdição do prédio no dia 23 de julho deste ano fala em infiltrações e ferragens podres. O DIÁRIO DO RIO apurou que é provável que uma nova interdição ocorra nos próximos dias.
Trechos do laudo do Inepac, que levou à interdição
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) está investigando a reabertura do Cine Iris menos de um mês após a interdição do prédio. “Na parte mais alta do imóveis está cheio de reboco no chão. É muito perigoso, pode cair na cabeça de alguém”, pontuou a fonte ouvida pelo DIÁRIO DO RIO.
Ainda segundo a fonte que preferiu não se identificar, os sócios do Cine Iris que decidiram reabrir o prédio estão fazendo uma reforma, mas de forma superficial, colocando impermeabilizante na laje. Contudo, a estrutura pede uma obra mais completa, inclusive trocando as ferragens.
A reportagem do DIÁRIO DO RIO tentou contato com a parte dos responsáveis pelo prédio que foram a favor da reabertura. No entanto, não teve sucesso.
Imagens do teto do Cine Iris
Prédio pode ser desapropriado
Tombado em 1978, o prédio do Cine Íris é objeto de um caso na Justiça que pode levar a desapropriação. Os proprietários alegam que em 1997 pagaram para a Ordem Terceira (que seria dona do imóvel). No entanto, o judiciário considera que a Ordem não deveria ter recebido o pagamento. Assim, o estado do Rio de Janeiro quer desapropriar, mesmo com os administradores do local tentando um acordo.
O caso se arrasta nos tribunais desde 2015. Os herdeiros do prédio afirmam que o estado do Rio seguiu cobrando taxa de ocupação mesmo com o imóvel sendo alvo da questão judicial.