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Museu da Imagem e do Som completa 50 anos

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Inauguração de sede, na Praia de Copacabana, marca a nova fase

Há 50 anos, no dia 3 de setembro, era inaugurado o Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, em um prédio histórico na Praça XV. O espaço chegou em um momento de efervescência cultural e artística no Brasil, reunindo em um só lugar importantes coleções de discos, fotografias, partituras, instrumentos musicais, documentos e muitos outros itens. Hoje, o museu conta com o maior acervo do tipo do país, com mais de 300 mil documentos que estão divididos em duas sedes – Praça XV e Lapa. Neste cinquentenário, o museu celebra uma nova fase: a inauguração, prevista para 2016, de sua terceira sede, na Praia de Copacabana, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. À frente do MIS há quase nove anos, a historiadora Rosa Maria Araújo relembra a trajetória do museu, ressalta a sua importância para a cultura nacional e antecipa as expectativas para o novo espaço.

Como foi criado o MIS?
Rosa Maria Araújo – No ano do IV centenário do Rio de Janeiro, em 1965, surgiu a ideia de criar um museu que guardasse a memória da cultura do Rio, que sempre foi uma cidade muito criativa. Aqui nasceu o samba, o choro, a bossa-nova, o maxixe e o funk. Como a cidade foi a capital do país por mais de 200 anos, toda a produção cultural era muito viva e original, inclusive na literatura e no cinema, além da criatividade do povo no dia a dia, seu comportamento, humor e informalidade. O Rio sempre foi a caixa de ressonância para o Brasil. Daí, houve a ideia de ter um lugar para guardar todas essas informações culturais, especialmente os registros de som e imagem. O então governador do Rio, Carlos Lacerda, comprou as coleções do fotógrafo Augusto Malta, que era o fotógrafo oficial da cidade no início do século 20, e do radialista e compositor Almirante, que era um pesquisador de música. Com essas duas coleções começou o MIS.

Qual a importância do MIS para a cultura nacional?
Rosa – Além de guardar documentos e coleções privadas, o museu é um centro de pesquisa que abre seu acervo, além de preservar as culturas carioca e brasileira. Ninguém faz um filme sobre os grandes compositores ou cantores nacionais sem vir ao MIS. Além disso, ele fez o papel de centro cultural durante muitos anos, oferecendo cursos, servindo de espaço para discussões sobre cultura. Durante a ditadura, muitos filmes proibidos passaram no MIS. Aqui também foi criado um projeto de história oral chamado Depoimentos para Posteridade, em 66. Hoje, são mais de 1,1 mil depoimentos e continuamos a organizar esse encontro uma vez por mês.

Como é composto o acervo do museu?
Rosa – Temos atualmente mais de 30 coleções, como as de Nara Leão, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, incluindo um bandolim dele, Dorival Caymmi, Braguinha, das irmãs Batista, do pesquisador Sérgio Cabral, do poeta e compositor Hermínio Bello de Carvalho, do cineasta Jurandir Noronha, dos produtores musicais Nelson Motta e João Araújo, entre outros, além de quase todo o arquivo da Rádio Nacional, que foi líder de audiência no país por mais de 20 anos. Na sede da Lapa, temos fitas de áudio, discoteca, com mais de 80 mil discos, quase mil objetos como instrumentos musicais, troféus, faixas das Rainhas do Rádio, partituras originais, algumas raríssimas, discos de ouro e mais de 80 mil fotografias. Na Praça XV, ficam a iconografia, fotografias e gravuras, fitas de vídeo e a hemeroteca, reunindo jornalod_jornalis e revistas.

Qual é a sua expectativa para a inauguração da nova sede?
Rosa – Percebemos que o museu não recebia mais coleções, porque não tinha espaço. Também não fazia exibições e servia mais como um centro de pesquisa. Em princípio, pensamos em fazer um anexo, mas o ex-governador Sérgio Cabral nos ofereceu o terreno na praia de Copacabana, com 10 mil metros quadrados. O projeto ficou lindo.

Como será a programação?
Rosa – O espaço vai reunir exposições permanentes com 14 temas, como carnaval, humor, samba, choro, rádio, televisão, o Rio como paisagem no cinema e na fotografia e toda a coleção do Museu Carmen Miranda. Vai ter teatro, restaurante panorâmico, boate, terraço ao ar livre, entre muitas outras atrações. Todo o acervo do MIS está digitalizado e estará disponível na nova sede. Além disso, o novo museu tem uma concepção totalmente moderna, com muita tecnologia, interatividade, também visando atrair o público jovem. Esperamos que seja um ponto de encontro de cariocas, turistas e estudantes, que poderão conhecer a cultura da cidade.

Foto: André Gomes de Melo