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Nova Iguaçu promove virada histórica com políticas de patrimônio e museologia inéditas na Baixada

Detalhe da edificação do complexo cultural que será instalado no novo Parque de Nova Iguaçu / Foto: Rafael Azevedo

Poucos sabem, mas a Vila de Iguassú nasceu às margens do rio que lhe deu nome e originou boa parte dos municípios do Recôncavo da Guanabara — inclusive a cidade de Nova Iguaçu, reestabelecida no território de Maxambomba para acompanhar o progresso da Estrada de Ferro Dom Pedro II, inaugurada em 1858. Essa cidade, tantas vezes excluída das rotas da memória, está agora no centro de uma política de patrimônio cultural e museologia inovadora. Duas frentes se destacam nesse processo: a antiga Vila de Iguassú e a Fazenda São Bernardino, ambas em vias de se tornarem complexos museológicos de referência nacional.

A antiga Vila de Iguassú — fundada em 1833 na Freguesia de Nossa Senhora da Piedade (esta já existente antes de 1699) —, abandonada desde o final do século XIX, passa por uma revitalização exemplar. Amplas pesquisas arqueológicas já identificaram milhares de artefatos no sítio tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), revelaram as ruínas monumentais da antiga Casa de Câmara e Cadeia e reabriram o traçado urbano da vila histórica, com destaque para a antiga Estrada Real do Comércio — rota estratégica do Império para o escoamento de mercadorias e a circulação de divisas. A torre da velha matriz e o cemitério contíguo, fundado pela extinta Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, também foram restaurados. Além disso, novas edificações vêm sendo erguidas no entorno do adro, unindo fruição cultural e dinamização econômica — com estímulo a cadeias de produção, lazer e gastronomia. Um complexo museal está sendo instalado no local, com uma superintendência municipal de museus — estrutura que, aliás, todas as cidades brasileiras deveriam possuir, pois não há território sem história, nem história sem memória. Soma-se a isso a melhoria dos acessos, a instalação de sinalização adequada, um pórtico de entrada e o reforço na segurança do Parque Histórico e Arqueológico do Iguassú Velho, consolidando sua vocação museológica.

Já a Fazenda São Bernardino, construída em 1875 por Bernardino José de Souza e Mello nas proximidades da Vila, representava um dos mais suntuosos exemplares do neoclassicismo rural fluminense. Constituída por casa-grande, senzala e engenho, foi uma das propriedades mais opulentas da antiga província do Rio de Janeiro. Tombada em 1951 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi saqueada e abandonada por décadas, até ser parcialmente destruída por um incêndio nos anos 1980. Agora, com recursos do PAC, um projeto executivo de restauro está sendo elaborado pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Cultura. O diferencial está na qualidade e continuidade do trabalho, que foge à regra das terceirizações improvisadas que fragilizam políticas públicas em todas as esferas. Em Nova Iguaçu, vê-se um raro exemplo de gestão cultural com corpo técnico estável e qualificado, responsável por conduzir projetos que valorizam o passado com planejamento e visão de futuro.

É fundamental, portanto, acompanhar e apoiar os avanços conquistados por Nova Iguaçu, cuja história rica e vibrante precisa ser redescoberta, valorizada e compartilhada com a potência que merece. A Baixada Fluminense é, sim, território de museus, de patrimônio, de memória. Esses são direitos culturais essenciais, há muito negados a milhões de brasileiros que, não por falta de interesse, mas por ausência de oportunidade, ainda esperam consumir uma cultura mais próxima de suas realidades. Nova Iguaçu começa a provar que isso é possível.

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