A Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, passou por uma grande mudança nos últimos anos. Antes dominada por oficinas mecânicas, hoje é um dos principais pontos de encontro da juventude carioca, especialmente da geração Z. Localizada entre duas ruas movimentadas, Voluntários da Pátria e Real Grandeza, a Arnaldo concentra bares lado a lado, o que facilita a circulação entre eles. Essa transformação ganhou destaque internacional: a rua foi eleita como uma das mais descoladas do mundo.
Quem frequenta sabe: é possível começar a noite tomando um chopp no Bar Botero, seguir para drinks no Quartinho, curtir as luzes psicodélicas do Calma, comer pizza artesanal na Officina Local e terminar com samba no Treme-Treme. Tudo isso sem precisar pegar carro ou transporte público. Para João Agner, jovem de 22 anos, o diferencial da Arnaldo está na variedade e no clima do lugar. “Tem uns cinco bares na mesma rua e costumo ir de um para o outro na mesma noite. Isso faz diferença. Sinto o Rio meio carente de vida noturna descolada, e a Arnaldo oferece isso“, conta.
Outro ponto forte é o visual dos bares. Muitos têm estética voltada para a geração Z: luzes coloridas, frases nas paredes, cartazes descolados, ambientes com decoração para espaço para fotos “aesthetic”. O Calma, por exemplo, tem banheiro com mensagens dos clientes e um ambiente colorido. Já o Quartinho aposta em cartazes, cultura pop e um espaço que vira pista de dança e galeria.
A música é um dos principais atrativos. Maria Luiza Danezi, jovem de 22 anos que também frequenta os bares da rua, lembra da primeira vez que foi ao Calma. O que chamou atenção foi o som: música brasileira remixada, tocada por dois DJs estrangeiros, um espanhol e outro alemão. “Achei interessante essa mistura de culturas. E sempre tem um DJ diferente, isso dá uma cara nova toda vez que vou”, conta.
Para muitos jovens que frequentam a Rua Arnaldo Quintela, o principal atrativo vai além dos bares ou da música. O sentimento de liberdade e acolhimento é o que transforma a experiência em algo marcante. A Maria Luiza destaca esse aspecto como o que mais a prende ao local. Segundo ela, estar na Arnaldo é se sentir livre para existir como quiser. “É um lugar onde me sinto à vontade pra ser quem eu sou. Ninguém te julga pela roupa ou pelo jeito. É um espaço muito aberto, onde as pessoas se expressam como querem”, afirma.
Esse ambiente inclusivo é resultado da diversidade que ocupa a rua. A presença constante de artistas independentes, DJs de rua e pequenos empreendedores LGBTQIAPN+ contribui para um clima que valoriza a pluralidade. A Arnaldo não reproduz o modelo tradicional da boemia carioca, muitas vezes centrado em espaços heteronormativos. João também destaca como a diversidade do público influencia diretamente sua escolha na hora de sair à noite no Rio. “A maioria dos bares da cidade ainda tem um ambiente muito hétero. Na Arnaldo, não. Os bares são inclusivos e todo mundo se sente bem-vindo. Isso pesa muito na hora de escolher onde sair”, conta.
A sensação de acolhimento e segurança tem feito da Rua Arnaldo Quintela um dos principais pontos de convivência da juventude carioca. Mais do que um local para beber e dançar, a rua virou um espaço onde as pessoas se sentem à vontade para ocupar o espaço público sem medo de julgamento. Para João, esse ambiente faz diferença. “Tem algo especial em estar rodeado de gente jovem, vivendo a juventude, curtindo a cidade. Isso contagia”, resume.
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