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Câmara de Vereadores: Qual será a base do novo prefeito do Rio?

Cientistas políticos preveem dificuldades tanto para Marcelo Crivella quanto para Marcelo Freixo nas negociações com a futura

O DIA

Rio – Eleito neste domingo o novo prefeito do Rio, resta saber como será a relação de Marcelo — Crivella (PRB) ou Freixo (Psol) — com a Câmara Municipal. Levando em conta apenas o número de cadeiras próprias na Casa, o Psol de Freixo terá a segunda maior bancada, com seis parlamentares, enquanto o PRB de Crivella elegeu três vereadores. O duelo, no entanto, está mais ligado à disputa pela adesão de outros partidos. Nesse sentido, Crivella sai na frente depois de ter obtido o apoio das legendas de três candidatos, que acabaram derrotados no primeiro turno na corrida pela Prefeitura do Rio: Indio da Costa, do PSD; Carlos Osório, do PSDB; e Flávio Bolsonaro, do PSC. Juntos, esses partidos terão nove vereadores que, somados outras siglas (como PSC, PP e SD) darão a Crivella pelo menos uma bancada de 20 vereadores na Câmara.

Isso sem contar com o PMDB, que deve aderir logo de saída ao governo do candidato do PRB. Apesar de ter sofrido um baque no Legislativo, com a perda de oito vereadores, o PMDB continua como o maior partido da Câmara, com dez vereadores. As baixas peemedebistas propiciaram uma distribuição de cadeiras entre os partidos que, em sua maioria, são simpáticos a Crivella.

Já Freixo, se eleito, terá um futuro mais sombrio na Câmara de Vereadores. Além do Psol, Freixo tem o apoio explícito do PT, que terá apenas dois vereadores a partir de janeiro de 2017. O PC do B de Jandira Feghali não elegeu ninguém.

Cientista político da UFRRJ, o professor Nelson Rojas de Carvalho prevê que o novo prefeito terá vida dura na Câmara. Mas uma eventual gestão de Crivella terá mais facilidade em compor sua base com a bancada peemedebista. “O Crivella não tem interesse em mudar essas estruturas, ele vai ter que recompor as antigas forças. Mas vai ser uma base de apoio mais dispersa, precisando costurar caso a caso. É um artesanato político mais trabalhoso”, acredita o cientista político Paulo D’Avila Filho, da Uerj.

Dificuldade na base, força na oposição

Freixo, segundo Rojas, seria prejudicado pela difícil aprovação de pautas reformistas, dependentes de mudanças na lei. “Do Crivella, não se esperam alterações fundamentais no modelo de gestão”, aponta o professor, que, no entanto, vê a Câmara com menos importância em âmbito municipal do que para o governo federal. “É importante, mas não decisiva. Há uma série de ações que não precisam do Legislativo. Mas ela é fundamental para aprovar o orçamento”.

Caso perca a eleição, o partido de Freixo deve expandir o número de adeptos à oposição. Atualmente, além dos quatro vereadores próprios, os psolistas costumam ter a seu lado, no máximo, cinco outros parlamentares — com destaque para o petista Reimont, reeleito, e para os dois vereadores da Rede, que não se reelegeram.

A fim de construir uma oposição forte, o partido espera reunir pelo menos 17 vereadores — um terço da Casa. O número é considerado importante para a condução de CPIs, por exemplo. Se vencer, a sigla pretende apresentar o que pensa e atrair novos colegas.

Psol, a pedra no sapato do governo Crivella

Se Marcelo Crivella ganhar hoje a eleição, como preveem as pesquisas de intenção de voto, o Psol será a principal força de oposição a seu governo na Câmara Municipal. Psol e PT juntos formarão uma bancada de oito vereadores, e prometem ser a “pedra no sapato” do eventual governo do PRB. Eles prometem fazer uma oposição bem mais aguerrida do que a enfrentada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), nos últimos oito anos.
Com a segunda maior bancada, os seis vereadores do Psol sonham até em formar uma chapa para concorrer à presidência da Câmara, em janeiro. Querem enfrentar o atual presidente, Jorge Felippe (PMDB), que já avisou que tentará a reeleição. Ele comanda com mão de ferro o plenário desde 2011. Quando foi reeleito pela última vez, em 2015, o Psol não compareceu à sessão, em protesto.

Adeus a velhos nomes, boas-vindas a novos

O Palácio Pedro Ernesto vai se despedir de vários nomes que nos últimos anos foram muitos ativos na Casa. A incansável Leila do Flamengo (PMDB) dá adeus ao plenário depois de quatro mandatos. Jefferson Moura, da Rede, não conseguiu se reeleger. Ele ficou marcado, este ano, por instaurar a CPI das Olimpíadas. Outros parlamentares destacados também saíram da Câmara Municipal, como Professor Uóston (PMDB), Márcio Garcia (Rede) e Babá (Psol).
De novatos, do lado do Psol, destacam-se os desempenhos expressivos de Tarcísio Motta e Marielle Franco, segundo e quinta mais votados entre todos os candidatos. Do outro lado do espectro político, surpreendeu a boa votação do primeiro vereador eleito do partido Novo, Leandro Lyra.

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