Há pessoas que atravessam a vida pública deixando marcas em ruas, praças, edifícios e monumentos. Outras deixam marcas nas pessoas, nas ideias, nas gerações e nos sonhos de quem cruza seu caminho. Poucos, muito poucos, conseguem fazer as duas coisas. E Cesar Maia é um raríssimo exemplo.
O Rio de Janeiro celebra hoje os 80 anos de um dos maiores homens públicos de sua história. Um homem que não apenas governou a cidade, mas que a moldou, a pensou, a desenhou e, mais que isso, que moldou, pensou e desenhou pessoas.
Cesar é um homem de visão larga. Um gestor que olha para além do horizonte imediato, que pensa a cidade como espaço de encontro, de cultura, de cidadania e de dignidade. Mas talvez sua obra mais poderosa não esteja exatamente no concreto das escolas, dos hospitais, dos centros culturais e dos equipamentos urbanos que transformaram o Rio, por mais fundamentais que todos sejam. Uma de suas obras mais preciosas está nas pessoas que ele formou, nas lideranças que ajudou a forjar, nos quadros que tirou do anonimato e colocou no centro da vida pública.
Rodrigo Maia, Carlo Caiado, Eduardo Paes, Luiz Antônio Guaraná, Marcelo Queiroz, Pedro Duarte, Bruno Kazuhiro, Vinícius Oberg, Quintino Gomes, eu e tantos outros, são exemplos vivos dessa escola. Gente que cresceu sob sua orientação, que aprendeu com ele que fazer política é, antes de tudo, um exercício diário de escuta, generosidade, técnica, sensibilidade e coragem.
Porque, se há uma palavra que define Cesar Maia, além de visionário, é generoso. Generoso com seu tempo, com seu conhecimento, com sua disposição incansável de ensinar, de orientar, de compartilhar. Ao longo de décadas, abriu portas, dividiu oportunidades, entregou ferramentas e, sobretudo, confiou nas pessoas. E quem teve (e tem) o privilégio de caminhar ao seu lado sabe que essa confiança vale ouro.
Não é simples confiar. Não é simples, sobretudo na política, onde muitas vezes imperam o individualismo, a vaidade e a disputa pequena. Cesar sempre escolheu o caminho mais difícil e mais bonito: formar e investir nas pessoas. Acreditar que, mais do que resolver os problemas do presente, é preciso preparar quem será capaz de construir o futuro.
A cultura política do Rio de Janeiro, hoje, carrega impressões digitais que vêm diretamente de suas mãos, de suas aulas improvisadas, das conversas longas, dos e-mails que chegavam na madrugada, dos conselhos generosos, da crítica honesta e firme, sempre oferecida por quem deseja ver o outro crescer, se superar e acertar.
Cesar é, acima de tudo, um apaixonado. Apaixonado pelo Rio, pela política, pela cultura, pela vida e pela possibilidade de transformar a realidade. E é essa a paixão incansável, que atravessa décadas, governos, gerações. Uma paixão que não se apaga, não se acomoda e não se esgota.
Hoje, ao celebrar seus 80 anos, o Rio presta não apenas uma homenagem, mas um agradecimento. Porque sua trajetória não é só parte da história da cidade, mas também uma bússola, uma inspiração, um lembrete diário de que vale a pena acreditar na política, nas pessoas e na potência transformadora do serviço público.
O aniversário é de Cesar Maia. Mas o presente, como tantas vezes aconteceu ao longo da sua vida, é do Rio de Janeiro. Parabéns, Cesar!