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Alerta para febre amarela: vacina é a melhor prevenção

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Mais uma vez, o inimigo quase invisível ronda a população. Depois de zika, dengue e chicungunha, o Aedes aegypti é apontado como o principal vetor da febre amarela nas cidades, embora não tenha tanta “eficácia” para transmitir o vírus desta doença, que voltou a assustar a população, principalmente em áreas rurais.

A doença infecciosa, da qual praticamente não se ouvia muito falar, voltou com força em São Paulo e Minas Gerais. Os dois estados enfrentam um surto de casos de febre amarela silvestre,  causadas pelos mosquitos do tipo Haemagogus e Sabethes. O receio é de que o vírus se alastre pelo país.

Por medida de precaução, 14 cidades das regiões Norte e Noroeste do Rio de Janeiro, que fazem divisa com Minas Gerais e Espírito Santo, tiveram o nível de vigilância a pacientes com sintomas característicos da febre amarela elevado pelo governo do estado. Já na cidade do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que não há febre amarela. Portanto, não há necessidade de vacinação indiscriminada, feita em larga escala, para toda a população.

“Só devem ser vacinadas as pessoas que tenham passado por avaliação e tenham indicação médica para receber a vacina, assim como as pessoas que estão com viagem agendada para locais com registros da doença, como Minas Gerais, Amazonas, Pantanal e outros países como Colômbia, Bolívia, Equador e Peru, entre outros”, afirma a Secretaria, em nota.

“Por enquanto, o surto ainda não chegou nas grandes cidades. No entanto, existe a possibilidade de – se não houver um combate já nas primeiras notificações de febre amarela – o vírus alcançar a área urbana”,  alerta a infectologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Andreia Maruzo Perejão.

Doutorando pela Fiocruz, com pesquisa sobre o risco da reemergência da febre amarela silvestre, Filipe Abreu, que esteve em Macaé e em outros municípios fluminenses para investigação nas áreas de matas, ressalta que há mais de 50 anos não se confirma casos da doença no estado.  ”O Rio não é região de recomendação de vacinas, a não ser para quem vai viajar para áreas endêmicas”, explicou o doutorando do curso de Biologia Parasitária.

Segundo Andreia, uma das principais formas de prevenção é o combate aos mosquitos transmissores. No entanto, como este controle é extremamente difícil, principalmente em época de altas temperaturas e em locais próximos de mata. O ideal é a vacinação para todos que moram ou vão viajar para as áreas de risco, como Minas Gerais e Espírito Santo. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que moram ou têm viagens planejadas para áreas silvestres, rurais ou de mata verifiquem se estão vacinadas contra a febre amarela. A vacina passa a fazer efeito após um período de dez dias.

A orientação do Ministério da Saúde se justifica porque a doença tem maior número de casos nos meses de dezembro a maio e a transmissão é considerada possível em grande parte do Brasil. A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e é enviada, mensalmente, para todo o país. Em 2016, foram enviadas aos estados mais de 16 milhões de doses, sendo 2,7 milhões para o estado de São Paulo.

Vacinação tem prós e contras

De acordo com o Ministério, a vacina é altamente eficaz e segura para o uso, a partir dos nove meses de idade, em residentes e viajantes a áreas endêmicas ou, a partir de seis meses de idade, em situações de surto da doença. Todos os estados, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), estão abastecidos com a vacina contra febre amarela e o país tem estoque suficiente para atender toda a população nas situações recomendada.

Apesar da alta eficácia do imunobiológico, o Ministério da Saúde alerta que nos casos de pacientes com imunodeficiência, a administração desta vacina deve ser condicionada a avaliação médica individual de risco-benefício, não devendo ser realizada em caso de imunodepressão grave.

Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos que contêm proteína animal bovina), assim como pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica), também devem buscar orientação de um profissional de saúde.

Andreia também adverte para as contraindicações para a aplicação da vacina. “É uma vacina de vírus vivos, o que limita seu uso em imunodeprimidos, como gestantes e lactantes. Também pessoas que são alérgicas a ovo não podem recebê-la”. A faixa etária é de nove meses a 60 anos. Acima dessa idade, é necessário levar a autorização médica.

“A vacina tem validade de 10 anos e é realizada, geralmente, em duas doses.  Após ultrapassar esse período, é recomendado somente um único reforço atualmente no Brasil. Ela protege muito bem, mas não é obrigatória em áreas que não têm casos de transmissão de febre amarela. Quando se vacina sem essa necessidade, em alguns raros casos, há efeitos adversos da vacina, que podem gerar uma doença”, ressalta Filipe Abreu.

A Organização Mundial da Saúde considera que apenas uma dose da vacina já é suficiente para a proteção por toda a vida. No entanto, como pode haver queda na imunidade com o tempo de vacinação, o Ministério da Saúde definiu a manutenção de duas doses da vacina Febre Amarela no Calendário Nacional, sendo o esquema vacinal uma dose aos noves meses de idade com reforço aos quatro anos. Para pessoas de 2 a 59 anos, a recomendação é de duas doses.

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Mais sobre a doença

De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus da febre amarela se mantém naturalmente num ciclo silvestre de transmissão, que envolve primatas não humanos (hospedeiros animais) e mosquitos silvestres. O Ministério da saúde realiza a vigilância de epizootias (doenças que atacam animais) desde 1999, com o objetivo de antecipar a ocorrência da doença. Assim é possível fazer a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença por meio do controle de vetores nas cidades.

Desde os primeiros casos suspeitos em macacos, no estado de São Paulo, no ano passado, o Ministério da Saúde mantem permanente articulação com a vigilância do estado para aplicação de medidas de prevenção e controle adequadas, oferecendo apoio técnico, capacitação de profissionais, suporte a investigações de casos, envio de vacinas. Vale ressaltar que 70% da população da cidade de Ribeirão Preto está vacinada contra a febre amarela.

Incidência – No Brasil, a febre amarela é endêmica nas regiões Norte, Centro-Oeste e em partes das regiões Sudeste, Sul e Nordeste. A febre amarela urbana é menos comum. O aumento do número de casos é considerado um surto. Desde o começo do ano, já foram registrados mais de 150 casos suspeitos de febre amarela e mais de 45 mortes sendo investigadas pelo Ministério da Saúde. Em 12 de janeiro, o governo de Minas Gerais decretou situação de emergência em saúde pública por 180 dias nas áreas onde há o surto da doença.

Óbitos – O Ministério da Saúde confirmou, nesta quarta-feira (18), oito mortes por febre amarela, em Minas Gerais, sendo quatro confirmadas por febre amarela silvestre (em circulação em região de mata). Outras quatro estão em análise de finalização do diagnóstico para descartar outras possibilidades, como a febre amarela vacinal, que é uma rara reação da desta vacina. Até o momento, existem 206 casos suspeitos notificados, sendo 53 mortes suspeitas da doença em 29 municípios.

Áreas de risco – No Brasil, os locais de risco são as regiões de matas e rios de todos os estados do Norte e Centro-Oeste, bem como parte da Região Nordeste (Estado do Maranhão, sudoeste do Piauí, oeste e extremo-sul da Bahia), Região Sudeste (Estado de Minas Gerais, oeste de São Paulo e norte do Espírito Santo) e Região Sul (oeste dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Em dezembro de 2016 foi registrado um óbito por febre amarela, no município de Ribeirão Preto (SP). O caso foi acompanhado pelo Ministério da Saúde que verificou que a pessoa morava próxima à área de mata e, consequentemente, de recomendação da vacina.

Barreira de segurança – No Estado do Rio, foram solicitadas 250 mil doses da vacina ao Ministério da Saúde para atender às cidades de Santo Antônio de Pádua, Miracema, Laje do Muriaé, Itaperuna, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Bom Jesus do Itabapoana, São Francisco de Itabapoana, Cantagalo, Carmo, Sapucaia, Comendador Levy Gasparian e na área norte de Campos dos Goytacazes. Municípios do oeste da Bahia também passarão a reforçar a vacinação da população que mora próxima à divisa do leste de Minas Gerais com casos suspeitos. O oeste do Espírito Santo já está intensificando a vacinação em 26 municípios do estado.

Sintomas – Os sintomas mais comuns são febre, pulso fraco, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Os sintomas duram geralmente entre dois ou três dias. Se evolui para quadros mais graves, como a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Em casos graves, cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença grave, podendo vir a óbito.

Tratamento – Às pessoas que identifiquem alguns destes sinais, o Ministério da Saúde recomenda procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas. Essa orientação é importante, principalmente, àqueles que realizaram atividades em áreas rurais, silvestres ou de mata como pescaria, acampamentos, passeios ecológicos, visitação em rios, cachoeiras ou mesmo durante atividade de trabalho em ambientes silvestres. Não há um tratamento específico para febre amarela, apenas amenizar os sintomas com medicamentos e acompanhamento médico.

Prevenção – Além da vacinação, as pessoas que planejam turismo rural, pescaria, visitação de reservas naturais, parques ecológicos, cachoeiras, rios, florestas, parques urbanos, bem como aqueles que praticam atividades laborais relacionadas ao extrativismo, à fauna e à flora em ambientes rurais e silvestres, devem adotar outras medidas de prevenção, tais como: utilizar roupas que protejam todo o corpo (sapato fechado, camisa de manga longa e calça comprida), usar repelentes e evitar ou reduzir a exposição no horário de maior risco (9h às 16h).

Serviço:

No Rio de Janeiro, dúvidas ou outras informações sobre a doença e a disponibilidade da vacina podem ser consultadas por meio da central de atendimento da prefeitura no telefone 1746, no site da SMS (http://www.rio.rj.gov.br/web/sms) ou em qualquer unidade da rede de Atenção Primária (Centros Municipais de Saúde e Clínicas da Família).

 Fonte: Ministério da Saúde, com assessorias e redação