Ano letivo está cada vez mais difícil de fechar na rede estadual

Pelo menos uma escola, no Catete, ainda está ocupada por estudantes

PAOLA LUCAS

Rio – Este ano não deve acabar em 31 de dezembro. Pelo menos no calendário escolar da rede pública estadual. Duas semanas após o aparente fim das ocupações das 70 escolas estaduais, a Secretaria de Educação ainda não definiu como e nem até quando serão repostas as aulas que não foram dadas. Até mesmo porque cerca de 60% dos professores permanecem paralisados. A greve do magistério dura quatro meses e não tem previsão de terminar.

Repor as aulas perdidas aos sábados até o final do ano letivo foi a saída encontrada por algumas escolas para acertar o calendário. A Visconde de Cairu, no Méier, é uma delas. Lá os alunos ainda não conseguiram encerrar o primeiro bimestre, quando já deveriam estar fechando o segundo. Kely Honorato, mãe do Luiz Fernando, aluno do 1º ano do Cairu, não contava com isso.

“Matriculei meu filho em um curso preparatório para não ficar parado durante a ocupação, pago R$ 300 por mês para ele ter aulas aos sábados. Com essas reposições complica tudo. Disseram que ele pode perder o ano por falta. Vim conversar com a diretora mas ninguém me atendeu, um funcionário me disse que estavam todos em conselho. Nem na secretaria tinha gente. Isso é um absurdo”, reclama Kely.

Estudantes assitem às aulas de disciplinas cujos professores não aderiram à greve, que dura quatro meses

Foto: Sandro Vox / Agência O Dia

Mas a falta de professores não é o único problema. O cenário, em algumas unidades, além de alunos ociosos nos pátios entre uma aula e outra, é de muita sujeira. Principalmente, no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, no Catete, onde parte da escola permanece ocupada. Edson Rocha, diretor-geral do Amaro Cavalcanti, afirmou que alunos, funcionários e professores convivem em harmonia e se respeitam quanto a decisão de manter parte da ocupação. Quanto ao calendário, ele explica que deve se estender até fevereiro, mas datas definitivas somente após o fim da greve dos docentes.

No Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, onde o movimento pela desocupação foi dos mais violentos, o clima é de paz. Alunos se preocupam, agora, em acertar o calendário e seguir com os estudos. “Minha mãe já estava aflita pela volta das aulas, mas recuperar os estudos vai ser difícil. Tenho amigos do 2º e 3º ano que vão fazer o Enem e se prejudicaram bastante com esse tempo todo sem aula”, comentou Beatriz Viana, 16, do 1º ano do Mendes de Moraes, primeiro colégio a ser ocupado por jovens que pediam melhorias na infraestrutura das escolas e no ensino. Procurada pela reportagem, a Secretaria de estado de Educação não se manifestou.