Coluna Efeito Borboleta

COLOQUE COR NO SEU CORAÇÃO

Quando as tragédias acontecem em Orlando, lá na América do Norte, sofremos à distância.
Nos impactamos com a morte de 49 inocentes.
Pessoas como nós.
Com famílias como as nossas.
Mas eles estão tão distantes…
Por esse motivo, torna-se mais fácil ser solidário.
Todos sabem que a boate Pulse, atacada a balas, era uma casa de orientação LGBT, mas que democraticamente, recebia pessoas de qualquer orientação sexual?
Pois era.
E mesmo assim foi alvejada por alguém, que movido pela homofobia, ceifou a vida de diversas pessoas que se divertiam inocentemente.
Triste foi identificar nas redes sociais, fundamentalistas religiosos apoiando a ato do homicida. Acreditando que ele fez um favor ao povo de “bem”, promovendo uma limpeza social para os emproados norte-americanos devotados.
É triste e revoltante.
Entretanto, o altruísmo de muitas pessoas, em casos como esse, torna-se mais complicado quando pessoas como aquelas estão próximas delas.
Sofrer com o outro, verdadeiramente, para algumas pessoas não é nada fácil, principalmente se a vida dele soar diferente das demais.
Para quem é sensível e sabe que o amor é antes de tudo não julgar, neste momento, se revolta com a impunidade deste país.
Há dias, temos visto nos jornalod_jornallismos nacionais, a investigação do estupro coletivo de uma menor no Rio de Janeiro, que acabou desmascarando muitos outros.
Ficamos satisfeitos e plenos com as leis que punem agressores de mulheres, estupradores…
Mas porque ainda não se mobilizaram para que a homofobia seja criminalizada?
O que falta ainda?
Um episódio semelhante ao de Orlando?
Rogo que não.
Mas os crimes gerados pelas questões que envolvem identidade de gêneros, caso estejam na sarjeta ou nos cantos obscuros das cidades, é melhor para os hipócritas, que eles nem apareçam.
Em nome dessa luta, faço um apelo à justiça que reveja nossas leis.
Na sexta-feira, dia 24 de Junho, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, o corpo do jovem Wellington Mendonça, 24 anos, funcionário das Lojas Americanas em Olaria, período noturno, foi encontrado num matagal próximo a Via Expressa.
O corpo foi encontrado por moradores do local.
A polícia declarou ao jornalod_jornall A voz da Serra, que o rapaz estava sem camisa, calça jeans e calçado preto. Tinha muitas escoriações pelo corpo, mostrando sinais de espancamento.
O rosto estava dilacerado, talvez pelo uso de algumas pedras que foram encontradas perto do corpo.
A polícia não descarta um crime por homofobia.
Wellington, todos os dias fazia o mesmo trajeto, de Bom Jardim, sua cidade, à Friburgo e ao final do expediente, retornava.
Não tinha muitos amigos e sua orientação sexual não era revelada a todos, apenas aos mais íntimos.
Conhecido como um rapaz correto, sustentava sua família, que aliás é muito humilde.
Nas redes sociais se declarava fã de cantoras pops e não tinha medo da exposição.
Era tímido e às vezes, ficava depressivo.
Tentava então, manter a sua autoestima nas redes sociais.
Infelizmente, perdemos mais ser humano especial, uma vítima do sistema, da homofobia.
Amigos e familiares se mostraram chocados com o acontecido.
Wellington era um cara muito “gente fina”, disse uma amiga que o viu de longe na quinta-feira e o ex-namorado, que acredita que o rapaz tenha marcado um encontro com alguém e fora atacado.
Essa é uma situação que deve ser vista com atenção pela sociedade brasileira.
Até quando iremos nos deparar com crimes nesse nível de crueldade e não vermos punições?
Qualquer denúncia hoje, por ataques homofóbicos, o acusado, com uma cesta básica, está livre para cometer novas atrocidades.
Presenciamos no Congresso Nacional, em meio a tantos processos de corrupção, deputados de chamada bancada evangélica, discutindo questões de pontos de vista sem sentido, enquanto jovens trabalhadores são mortos por sanguinários de pensamentos doentios.
Primeiro não concordo com bancada evangélica.
Vivemos num Estado Constitucionalmente Laico, portanto, questões religiosas específicas deveriam ser tratadas nas igrejas.
Segundo. Prendem-se a fatos meramente circunstanciais, sobre onde está a essência da família. Que só pode ser considerada como tal, se for formada por um casal hétero.
Poupem-me.
Família existe a partir do amor.
As convenções foram criadas pelos homens. Cada um em sua época, costumes e lugares.
O que se aplica a um grupo, não necessariamente se aplicará a outro.
Tenham uma visão mais ampla e irrestrita dos fatos, senhores e senhoras parlamentares.
Deixem essas questões de lado e pensem nas vidas que são ceifadas e nas famílias, independentes de como elas sejam formadas, que choram as perdas de seus amados para os crimes de homofobia.
Esse é o papel de vocês, resguardarem a integridade do cidadão que se ama, seja da maneira que for.
Calem-se aqueles que se colocam na mídia como detentores da verdade e dos “bons costumes”, mas exercitam o ódio, enobrecem torturadores e estupradores.
Pedimos justiça.
E à sociedade hipócrita, preocupada em fazer campanhas contra novelas, propagandas comerciais e outros, por que se sentem incomodados com as diferenças, e não aceitam quem não está na sua linha de padrão, olhe ao redor e não apenas para si mesma.
Religiosos que levantam movimentos contra aqueles que não aceitam viver sob o pragmatismo religioso, imposto por um Deus que certamente não aprovaria a incitação ao ódio, a soberba e o orgulho.
Que todos esses grupos se levantem, em amor ao próximo e se revolte contra a violência e a impunidade.
Essa sim seria uma atitude coerente e digna.
Temos que pressionar.
Brasil, todos juntos, não à homofobia.
Homofobia é crime, já!
Descanse em paz Wellington.
Vamos gritar bem alto a nossa revolta.
Para que termos ofensivos como “bichinhas e viadinhos”, entre outras tantas agressões verbais, físicas e psicológicas, não sejam punidas apenas com um cuspe, mas com o rigor da lei.