Coluna Efeito Borboleta

NA ERA DA IMPOSIÇÃO DO SILÊNCIO

“Odeio as vitimas que respeitam os seus carrascos!”
Quando me deparei com essas mágicas palavras do grande filósofo Jean Paul Sartre, senti de imediato um torpor momentâneo, como se tivesse inalado uma substância anestésica. Logo depois, minha cabeça começou a formigar e em seguida a mente fervilhou.
Não usei de metáforas para relatar minha sensação diante das palavras se Sartre. Foi concreto.
Realmente fui tomado de súbito por uma onda de reflexão que se tornou física.
Estado que só pessoas brilhantes como Sartre são capazes de gerar em um ser reflexivo.
Ela produziu em mim um misto de sentimentos e me provocou uma autorreflexão, daquelas que sacodem e fazem sair da acomodação, da catatonia.
As palavras de Sartre me jogaram num redemoinho de pensamentos, num movimento de escape, de maneira centrífuga, me empurrando para fora, para olhar e analisar os fatos vividos, acima das nuvens, de fora para dentro.
Mas ao mesmo tempo era tragado pela força centrípeta, que me trazia de volta ao centro.
Embora esse não seja o foco da minha análise, vale lembrar para avaliar.
Fui punido por subverter uma regra insana que me impedia de estender as mãos a um necessitado.
Os invejosos e maus caráteres cumpriram sua missão de impedirem que o bem fosse feito.
Ao final, só pude lamentar.
Não por mim, mas pelo que fui impedido de fazer e mais ainda, por reconhecer que quem dizia poder, também não fez.
Cito este fato não com o objetivo de revivê-lo, isso não me interessa mais do ponto de vista pessoal, me interessa no intuito de indagar diante da “alma” humana.
O que leva alguém a achar que pode sujeitar o outro aos seus desmandos?
Que motivação tem aquele que está sendo oprimido, de reverenciar seu opressor?
Quero que lembrem-se: a servidão não é para sempre.
O ser subserviente pode sair dessa condição imposta, basta apenas rebelar-se e mudar a situação SERVIL. Cabisbaixos podem ser LIVRES, basta apenas olhar o adjetivo em sua forma, sua grafia inversa.
Essa é uma questão de querer e não se abater.
Eu, sinceramente, achei que estariam saciados, mas tomados pela sanha inescrupulosa da maldade, o simples fato de presenciarem o outro vivendo altivamente, com dignidade, buscando o equilíbrio e o bem-estar, torna-se forte motivo para os seres inferiores asquerosos, levantarem sua cabeça chafurdada, e trabalharem em prol do prejuízo alheio.
Tentam nos impingir o silêncio.
Calar-nos para que façamos a vontade deles e não as nossas.
Não nos respeitam, mas…
Não direi a eles que me esqueçam ou que me deixem em paz.
Nunca!
Nunca me ajoelharei perante os maus.
Saibam que a cada tentativa de me abateram, mais forte me farão.
Maior é o que está em mim.
Essa é a verdadeira paz.