Consórcio responsável pelo depósito onde foi constatado desperdício foi ouvido nesta segunda
As comissões de Orçamento e Tributação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) solicitaram nesta segunda-feira (07/03) ao Consórcio LogRio, que administra a Central Geral de Abastecimento (CGA), em Niterói, onde foram encontradas toneladas de remédios vencidos, a relação de todos os medicamentos incinerados e os que ainda estão no depósito da empresa. Também foram solicitados os relatórios encaminhados à secretaria de Estado de Saúde (SES), que segundo a LogRio, informariam com antecedência o prazo de validade dos medicamentos.
Gerente de operações do consórcio LogRio, Julio Cesar Grachet afirmou que o grupo recebe cerca de R$ 4,7 milhões por mês para armazenar e distribuir medicamentos e equipamentos para dezesseis unidades de saúde estaduais. Segundo ele, existe um sistema que informa à SES quando os medicamentos vão vencer, com uma antecedência de até 60 dias.
Presidente da Comissão de Orçamento, o deputado Pedro Fernandes (PMDB) afirmou que os documentos solicitados nesta segunda-feira vão ser decisivos na apuração do desperdício de remédios. “Se o consórcio entregar para comissão todos os documentos que comprovem que eles informaram sobre os vencimentos, queremos saber por que a secretaria não tomou nenhuma providencia para evitar essa perda”, afirmou. Na próxima quinta as comissões vão se reunir novamente para ouvir os representantes da secretaria sobre o ocorrido.
Compras descentralizadas
Para o presidente da comissão de Tributação, deputado Luiz Paulo (PSDB), é fundamental que haja mudança na forma como os medicamentos são adquiridos. Segundo sua análise, além do contrato com a LogRio, a SES possui 43 contratos com Organizações Sociais (OSs) responsáveis por administrar 45 unidades médico-hospitalares. “O controle da LogRio é de um terço dos medicamentos e materiais comprados pela secretaria, já as OSs têm o controle de dois terços, significa que elas compram no preço que querem, e com os prazos de validade que ninguém controla”, destacou.
Para o deputado, a compra de medicamentos para a rede estadual de saúde deveria ser feita de maneira centralizada. “Verificamos que muitos medicamentos já foram incinerados por falta de diálogo entre os dois sistemas, pela interface ruim, então, o sistema atual é propício para as máfias de medicamentos fazerem o que querem. Isso causa prejuízos financeiros, e mais, prejudica e mata as pessoas por falta de medicamento na rede”, finaliza.
Também participaram da reunião desta segunta-feira os deputados Comte Bittencourt (PPS), Luiz Martins (PDT) e Flavio Serafini (PSol).
(Texto de Camilla Pontes)