Senadores se irritaram com o jurista Miguel Reale Jr., que precisou deixar o Congresso mais cedo, e com a prolixidade da professora e advogada Janaína Paschoal
O depoimento dos juristas Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal no Conselho Especial do Impeachment no Senado ficou marcado por bate-boca e tumultos nesta quinta-feira (28).
Os autores do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff tiveram dificuldades para expor seus pontos de vista ao serem interrompidos por diversas oportunidades pelos senadores que compõem o colegiado.
Os tumultos tiveram início assim que Miguel Reale Jr. encerrou seu discurso e anunciou que teria que deixar o Congresso Nacional às 19h desta noite para pegar um voo para São Paulo. A informação irritou senadores governistas que desejavam sabatinar o jurista com mais calma, tentando expor pontos frágeis da denúncia contra Dilma.
“O senhor é prisioneiro aqui. Nós vamos votar algo fundamental e precisamos que o senhor responda às nossas perguntas”, criticou o senador Cristovam Buarque (PPS-PE). “Espero que a sua agenda se adeque a este momento histórico”, completou.
“Se ele não pode ficar até o final, que se conceda a palavra à professora [Janaína]”, sugeriu a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). “Se não fica essa confusão de jardim de infância aqui dentro.”
O presidente do conselho, Raimundo Lira (PMDB-PB), pediu que os senadores encaminhassem as perguntas por escrito e disse que, por ser convidado, o jurista não poderia “ser segurado” na comissão – sob protesto dos senadores.
Ao iniciar seu depoimento, Janaína Paschoal decidiu passear por episódios de suas experiências anteriores com o governo do PT, o que irritou os senadores governistas, que criticaram o pedantismo da jurista e tentaram acelerar o depoimento. A jurista, por sua vez, rebateu dizendo que teria uma hora para depor e utilizaria todo seu tempo.
Janaína deu continuidade à sua fala mencionando notícias sobre empréstimos do BNDES para Angola, Cuba e Venezuela, sendo novamente interrompida pelos senadores. Os parlamentares alegaram que o tema não estava na denúncia analisada pelo colegiado, portanto seria desnecessário discorrer sobre o assunto.
Após bate-boca entre os senadores e seguidos cortes no microfone de Janaína Paschoal no colegiado, que até então estava sob a presidência da senadora Fátima Bezerra (PT-PB), a jurista pôde finalmente dar continuidade em seu depoimento assim que o senador Raimundo Lira retomou as rédeas da comissão.