terça-feira, 3 de dezembro de 2024 - 9:36

  • Home
  • Cantagalo
  • Evolução da receita de Cantagalo nos últimos sete anos mostra queda drástica

Evolução da receita de Cantagalo nos últimos sete anos mostra queda drástica

Secretaria de Planejamento mostra, por exemplo, comparativo entre o excesso de arrecadação de R$ 10,3 milhões, em 2012, e a queda em R$ 8,1 milhões, em 2015
Cantagalo – Preocupado com o cenário de dificuldades que se apresenta para a Prefeitura, que vem registrando quedas acentuadas da arrecadação e das transferências por parte de outras esferas, o prefeito de Cantagalo, Saulo Gouvêa, divulgou esta semana planilhas elaboradas pela Secretaria Municipal de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Econômico, onde constam comparativos entre a arrecadação no período de 2009 a 2015. Na evolução das receitas dos últimos sete anos, os números negativos, no que se refere à variação entre a receita estimada e a efetivamente arrecadada, passaram a aparecer principalmente a partir de 2013.
Para se ter uma ideia, em 2009, quando houve a crise econômica mundial, com forte reflexo nos Estados Unidos e na União Europeia, Cantagalo apresentou déficit de arrecadação de apenas R$ 269,623 mil. A previsão de arrecadação, que era de R$ 46,603 milhões, fechou em R$ 46.333.377,00. No ano seguinte (2010), com orçamento estimado em R$ 50.307.560,00 e uma inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,91%, o excesso de arrecadação (receita superavitária) do município foi de 16,1% (R$ 3.485.761,80), com a arrecadação anual fechando em R$ 53.793.321,80, um ganho de 10,19 pontos percentuais da inflação do período.
E isso continuou nos anos seguintes – 2011 e 2012. Em 2011, a Prefeitura obteve um invejado superávit de arrecadação de R$ 8.744.725,80, se comparada a estimativa inicial, de R$ 56.379.660,00, à efetivamente arrecadada, de R$ 65.124.385,80. A variação positiva de 21,06% ganhou da inflação (6,5%, conforme o IPCA) em 14,56 pontos percentuais.
Algo semelhante ocorreu em 2012, quando a inflação medida pelo IPCA foi de 5,84%. Nesse período, a Prefeitura arrecadou o maior volume da série pesquisada, contabilizando superávit de receita de R$ 10.330.746,80. Essa diferença para mais aparece ao se comparar a previsão inicial de arrecadação, que era de R$ 62.116.936,00, ao que realmente chegou aos cofres municipais: R$ 72.447.682,80, ou seja, uma evolução 11,25% superior à estimada e um ganho de 5,41 pontos percentuais da inflação do período.
O cenário começou a mudar em 2013, quando apareceu um déficit arrecadacional de R$ 617.044,80, já bem superior ao registrado no início da série (2009), com a crise mundial, que foi de R$ 269.623,00. Isso foi consequência dos reflexos da atual crise econômica e política vivida pelo país. “No meu primeiro ano de mandato, já enfrentei esse saldo negativo, pois a previsão de arrecadação era de R$ 76.742.066,30, mas a Prefeitura só contabilizou R$ 76.125.021,50, variação de apenas 5,08% para uma inflação de 5,91% no período, ou seja, a inflação corroeu a nossa arrecadação em 0,83 pontos percentuais”, conta o prefeito Saulo Gouvêa.
Mas o pior ainda estava por vir. Em 2014, a inflação fecha em 6,4%, conforme o IPCA, e as receitas só conseguem variar 5,35%, uma perda de 1,05 ponto percentual. O déficit de receita do município atinge R$ 3.911.062,10, valor arrecadado a menor na comparação entre receita estimada – R$ 84.112.000,00 – e receita realmente arrecadada (R$ 80.200.937,90).
Ano passado (2015), foi registrada a maior queda da série 2009/2015: R$ 8.177.895,10. Isso representa uma variação na receita do município de apenas 1,95% contra uma inflação, também medida pelo IPCA, de 10,67%, ou seja, perda de 8,72 pontos percentuais para a inflação do período, com receita estimada de R$ 89.940.697,00 e arrecadação de somente R$ 81.762.801,90.
O prefeito Saulo Gouvêa também explica que o município tem sofrido queda no Índice de Participação dos Municípios (IPM), que representa o percentual pertencente a cada município, a ser aplicado em 25% do montante da arrecadação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). “Esse índice permite ao Estado entregar as quotas-partes dos municípios referentes às receitas do ICMS, conforme está previsto na legislação vigente. Um ponto que seja de queda nesse índice pode representar grandes perdas para nós”, explica o prefeito.
Em 2011, por exemplo, o IPM de Cantagalo era de 0,487, subindo, em 2012, para 0,494 e caindo, a partir de 2013, quando baixou para 0,454. Em 2014, o índice baixou ainda mais, para 0,434, e um pouco mais em 2015, quando ficou em 0,433. Isso implica diretamente nos cálculos dos repasses da quota-parte do município, que, por conta dos índices inflacionários provocados pelo atual cenário econômico, foram altamente prejudicados por conta do volume de arrecadação, que caiu face à subida da inflação, que pode ser comparada facilmente no quadro apresentado: 6,5% (2011), 5,84% (2012), 5,91% (2013), 6,4% (2014) e 10,67% (2015).
O secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Econômico, Márcio Longo, fez as contas, com cálculos simples, para mostrar o quanto o município perdeu nos últimos 16 anos. Em 2000, o IPM de Cantagalo era de 0,667. Se comparado ao índice de 2012 (0,433), por exemplo, o município perdeu, nesse período, cerca de R$ 43,950 milhões. Comparando 2012 (0,494) com 2015 (0,433), a perda é de R$ 14,020 milhões.
– Como se pode observar, lutamos contra uma série de forças que têm trabalhado contra as nossas melhores perspectivas e projetos. E esta situação se repete em outros municípios, conforme tenho conversado com colegas prefeitos e em reuniões da Associação Estadual dos Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj). O que estamos fazendo é cortar despesas para diminuir os custos da máquina pública, priorizando a gestão para que a Prefeitura possa continuar garantindo o atendimento aos serviços essenciais – destaca Saulo Gouvêa.
Finalizando, o prefeito diz que, na sua gestão, não conseguiu mais os grandes convênios de antes com os governos estadual e federal, que liberavam milhões a cada projeto apresentado. “Hoje, o que mais temos são projetos cadastrados nos sistemas de convênios, mas não há recursos da União e do Estado para obras nos municípios”, pontua, apresentando as planilhas da Secretaria Municipal de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Econômico.
Conforme a planilha, o município recebeu de convênios R$ 1.284.061,50 em 2009 (superávit de R$ 439.561,50); R$ 1.907.089,20 (2010), 48,52% além do estimado; R$ 3.412.121,10 (2011), 78,92% acima do previsto (R$ 2.050.321,10); e R$ 2.663.987,80 (2012), ano em que já houve uma queda de 21,93% em relação ao estimado.
De 2013 para cá, as quedas na obtenção dos recursos de convênios (federais e estaduais) se acentuaram. Em 2013, foram apenas R$ 67.323,80, uma variação negativa de 97,47%, ou R$ 1.569.686,20 a menos. No ano seguinte (2014), o município conseguiu R$ 1.192.633,70, o que, mesmo com valor baixo, já foi uma recuperação de 1.671,49%, taxa que ficou negativa em 33,19% em 2015, quando Cantagalo só recebeu R$ 796.748,20, ou R$ 1.293.751,80 a menos na comparação.
Redação: Gilmar Marques
Foto: Gilmar Marques/Arquivo

VEJA MAIS

Complexo da Penha se tornou base do Comando Vermelho para ordens de roubos de carga no RJ

O Complexo da Penha se tornou a base operacional do Comando Vermelho (CV) para ordens…

Senado aprova marco legal para regulamentação dos bioinsumos

O Senado aprovou nesta terça-feira (3) o novo marco legal para regulamentação da produção, uso,…

Cruzeiro x Neurologia Ativa: horário e onde assistir ao jogo da Superliga

Cruzeiro e Neurologia Ativa se enfrentam nesta quarta-feira (4), às 18h30 (horário de Brasília), pela…

Pular para o conteúdo