Tenente Peixoto questiona escolha de assessores para ganhar salários que variam de R$ 6 mil a R$ 12 mil
ADRIANA CRUZ E MARIA INEZ MAGALHÃES
Rio – O movimento que ajudou a eleger cabo Benevenuto Daciolo (sem partido) como deputado federal com quase 50 mil votos rachou e trouxe à tona denúncias de irregularidades no gabinete do parlamentar. Eleito pelo Psol, o bombeiro foi expulso do partido em maio.
No vídeo abaixo, o fiel escudeiro da campanha de Daciolo, o tenente da reserva Júlio Peixoto, afirma que há um esquema de distribuição de cota salarial no gabinete para bancar a Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro (Abmerj) e o Movimento S.O.S Bombeiros. Segundo o tenente, 10% do salário dos nomeados teria que ser doada à Abmerj.
Na gravação, Peixoto questiona a escolha a dedo de assessores parlamentares para ganhar salários que variam de R$ 6 mil a quase R$ 12 mil, diz que eles são de outros estados e chama Daciolo de traidor porque pagou R$ 1,5 mil aos bombeiros que ajudaram na eleição. O tenente admitiu que recebia R$ 1,6 mil, mas foi exonerado há um mês.“Não estou brigando por dinheiro. Ele abandonou as pessoas que deram o sangue para elegê-lo”, disparou Peixoto. “A gente estava numa luta muito bonita e ele (Daciolo) traiu todo mundo… O dinheiro é dele e ele faz o que ele quiser. O que ele não pode é enganar os eleitores”, diz no vídeo.
Na gravação, ele cita também Alcidemio Rocha Clementino, conhecido como Tijolo, a quem ele chama de assessor, cargo que ocupou no gabinete de Daciolo. O áudio circulou entre os grupos de bombeiros e nas redes sociais. O tenente, Tijolo e outros assessores foram exonerados.
Procurado pelo DIA, Irinéa, a secretária de Daciolo, disse que tentaria localizar o deputado e não retornou a ligação. O presidente da Abmerj, o subtenente Mesac Efrain disse que não se pronunciaria sobre o assunto.
Empresa fantasma
A ofensiva de Júlio Peixoto contra Daciolo inclui denúncia de que o parlamentar teria contratado empresa de informática fantasma para atender seu gabinete. A suposta prestadora de serviço não existe no endereço divulgado.
O ex-aliado questiona a nomeação da ex-deputada estadual Janira Rocha no gabinete de Daciolo por salário de até R$ 7 mil. Em julho, o Ministério Público ajuizou ação civil pública contra a ex-presidente do PSOL por improbidade administrativa.Ela é acusada de ter contratado funcionários fantasmas para seu gabinete na Alerj e obrigado servidores a devolverem parte dos salários, a chamada ‘cotização’. As investigações foram da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania da Capital.