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Insatisfeito com base aliada, Michel Temer pede empenho na defesa de seu governo

Líder do governo na Câmara, deputado André Moura levou “puxão de orelha” do presidente interino, que está preocupado com demora na votação de propostas interessantes ao Planalto

Preocupado com frequentes ataques da oposição no plenário do Congresso, o presidente em exercício Michel Temer cobrou do líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-BA), mais dedicação da base aliada na defesa do governo interino.

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A queixa não é à toa: em menos de dois meses no Palácio do Planalto, Michel Temer já perdeu três ministros e tem outros 11 membros do primeiro escalão na mira da Justiça. O impasse mais recente, por exemplo, é a escolha de um nome para o Ministério do Turismo, que está vago desde que o ex-ministro Henrique Eduardo Alves pediu demissão, no último dia 16.

Turismo

Desde a saída de Alves, Temer vem enfrentando disputa entre peemedebistas da Câmara e do Senado para indicação do nome para o cargo. Ele ainda não oficializou a decisão, mas deu sinais de que vai atender ao pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que quer o deputado Marx Beltrão (PMDB-AL) como novo ministro do Turismo.

A estratégia já está sendo lida como mais uma tentativa do governo interino de agradar o Senado Federal, que decidirá o futuro da presidente afastada Dilma Rouseff em meados de agosto.  Ao mesmo tempo, a medida também não desagrada a Câmara dos Deputados, já que elegerá um membro da Casa para o cargo no primeiro escalão de Temer.

Citado em delação, ex-ministro Henrique Eduardo Alves pediu demissão e deixou governo Temer
Valter Campanato/Agência Brasil

Citado em delação, ex-ministro Henrique Eduardo Alves pediu demissão e deixou governo Temer

Câmara x Senado

Outra questão que tem se mostrado um obstáculo na aprovação de matérias no Congresso é a sanção da Lei das Estatais, que propõe um regulamento mais rígido para a indicação de políticos em diretorias de empresas públicas. Senadores aprovaram um texto que dificulta a nomeação de políticos para as companhias, mas os deputados, de olho nas indicações, vetaram alguns pontos do projeto, o que desagrada os Senado.

A proposta aguarda aprovação dos senadores enquanto deputados, por sua vez, exigem que o Planalto faça uma intervenção e vete os pontos mais rígidos do texto, especialmente o que impõe obstáculos nas indicações de políticos para cargos executivos.

A disputa entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal atrasa, também, a votação do projeto que limita indicações políticas para os fundos de pensão. O problema é o mesmo: senadores querem manter a rigidez da proposta enquanto deputados pretendem afrouxá-la. A lista de pendências também inclui reforma da Previdência, assunto sobre o qual ainda não há consenso entre as centrais sindicais.

Líderes

O Planalto nega que vem agindo para evitar a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mas, no último domingo (26), o presidente interino encontrou-se com o parlamentar em compromisso fora da agenda oficial.

Líderes partidários – da oposição e da base aliada – acreditam que há um acordo entre caciques do PMDB para aprovar o recurso do parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e atrasar a votação em plenário, em troca da renúncia dele à presidência da Casa.

Segundo relatos, na conversa com Cunha no domingo, Michel Temer demonstrou insatisfação em relação à atuação do presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). O peemedebista queixou-se ainda que a instabilidade política na Casa está atrapalhando as votações de propostas que interessam ao governo.

*com informações do Estadão Conteúdo