23 horas de jejum: riscos e benefícios da dieta da Deborah Secco

Atriz seguiu a chamada dieta do jejum intermitente a causou polêmica ao dizer que ficava quase um dia todo sem comer

Deborah Secco é mãe da pequena Maria Flor e contou à revista “Glamour” como se cuidou durante a gravidez e manteve a forma depois do nascimento da primeira filha. A atriz chocou ao dizer que chegou a ficar 23 horas sem comer. A chamada dieta do jejum intermitente foi prescrita pela nutricionista de Deborah, Fernanda Muller. Na terça-feira (03), a especialista usou o Snapchat para afirmar que a atriz só seguiu a dieta e os longos períodos de jejum após a gestação, quando não estava nem mais amamentando Maria Flor: “Ela não fez nenhum jejum durante a gravidez”.

De acordo com a dieta, Deborah só deveria comer quando sentisse realmente fome. Nesse momento, poderia consumir o que quisesse, desde que fosse “bicho ou planta”, como disse para a revista. Com isso, a alimentação era a base de gordura e proteína e a atriz ficava diversas horas sem comer nada. Carboidratos só eram permitidos um dia na semana.

“É uma dieta nova ainda e acaba comendo duas vezes por dia”, fala o nutrólogo André Veinert. “Você fica muito tempo sem comer e, quando come, vai comer muito. Vai criando um vício e pode ser uma bomba no futuro”, analisa a também nutróloga Ana Luisa Vilela.

É possível emagrecer com essa dieta porque, mesmo comendo a quantidade que quiser de carne, por exemplo, não será a mesma quantidade de calorias de todas as refeições de um dia normal. Também é possível ficar mais tempo sem comer porque proteína e gordura dão uma sensação maior de saciedade do que um pão.

“A gordura e a proteína demoram mais para serem metabolizadas do que os carboidratos. Como demoram mais para serem digeridos, ficam mais tempo no corpo e dão essa sensação de saciedade por mais tempo”, explica André.

Longos períodos de jejum

Segundo Ana Luisa Vilela, essa dieta não parece muito saudável. “Até emagrece, mas o corpo vai queimar, independente do que seja. Pode perder até massa muscular”, ressalta.

Os médicos explicam que o corpo precisa de energia até receber mais uma dose de alimentos. No período sem comida, primeiro ele usa a glicose do fígado. Depois, parte para a glicose muscular. Por fim, consome a glicose das fibras musculares e dos tecidos. Por isso pode ocorrer a perda de massa muscular.

Além disso, um longo jejum pode desacelerar o metabolismo – e um metabolismo lento significa mais dificuldade para emagrecer. “Sem o alimento, o combustível, o corpo entra em estado de inanição e isso não é bom. Ele sabe que vai faltar alimento e acaba fazendo reservas. A longo prazo, isso diminui o metabolismo”, fala André.

“Vai enfraquecendo o corpo como um todo. A pessoa não vai ter energia nem para fazer exercícios e nem na parte cognitiva”, completa Ana Luisa.

Acompanhamento integral

Apesar de gerar controvérsias, Deborah Secco disse à revista que está bem e com todos os exames ótimos. Mas é importante lembrar que ela fez essa dieta com acompanhamento médico. “É uma dieta individualizada e é preciso ter cuidado para que não queiram seguir só para ter o corpo da Deborah Secco”, diz a nutricionista Roberta Stella.

No geral, os médicos e nutricionistas ainda indicam a tradicional dieta fracionada, na qual se come pequenas porções, várias vezes ao dia. “Não oriento esse tipo de padrão alimentar [com o jejum intermitente]. Acredito em uma alimentação variada, gradual, que respeite o corpo de cada um”, fala Roberta.

“O ideal é fazer intervalos de 3h, até 4h. É o tempo que se come, faz a digestão, a glicose é distribuída pela corrente sanguínea e, quando o nível está caindo, come de novo. Isso mantém um nível saudável”, explica Ana Luisa Vilela.

A ideia para se perder peso é a velha e conhecida dieta balanceada, comendo pequenas porções, variando nutrientes e fazendo boas escolhas, como trocar o carboidratado de alto índice glicêmico – arroz branco, farinha branca – por outros mais saudáveis – versões integrais, batata doce.

Nada de jejum durante a gestação

A nutricionista de Deborah Secco disse que a dieta do jejum intermitente não foi feita durante a gestação. E nem poderia. “Nunca pode estimular a perda de peso na gravidez, isso pode prejudicar o bebê. O que deve se fazer é manter o peso, nunca estimular a perda, mesmo em caso de obesidade”, alerta a nutricionista Maria Flavia Sgavioli.

É preciso extremo cuidado com dietas na gravidez. “Dependendo do grau de restrição da dieta, a mulher pode desnutrir, o que vai levar a um retardo no desenvolvimento do bebê. A mãe pode ter déficit de vitaminas e isso vai passar para a criança”, afirma André Veinert.

Até quem não for gestante deve tomar cuidado ao seguir alguma dieta da moda. “Uma pessoa saudável pode até tentar fazer essa dieta de jejum, mas o seguro é fazer por até um mês”, orienta Maria Flavia.