Coluna Efeito Borboleta

Segundo Ano PC!
Não poderia deixá-los sem uma resposta. Uma despedida.Um carinho!
Vocês têm uma história muito importante na minha vida.
Não pude ser o padrinho, que tanto quis ser, quando vocês terminaram o Ensino Fundamental.
Também não poderei acalentar esse mesmo desejo ao final do Ensino Médio.
Por isso, recebam esse texto que os envio agora, com bem-querer, pois nele me desnudo, me exponho e me proponho a ensinar com minha própria experiência de vida.
Que seja esse texto, o que eu não pude escrever para vocês na formatura em 2013 e nem poderei escrever em 2016.
Portanto, escrevi agora.
Tome-o para vocês. É o meu presente. É o que posso dar-lhes.
Não tem grande valor financeiro, mas tem enorme valor sentimental.
Desejo que o meu exemplo aqui retratado, seja uma orientação para a vida de vocês. O que falei de mim, só se fala para alguém muito especial e vocês são.
É o que sei fazer, escrever.
SOU FORÇA MOTRIZ
Somos força motriz.
Fazemos a roda da vida girar.
Alguns usam força suficiente para fazerem com que essa roda gire mais rápido, com mais energia, intensidade, promovendo os acontecimentos.
Outros, devido a fatores diversos imprimem menos força à roda, por vontade própria, ou mesmo por falta de coragem ou vontade de fazerem as coisas acontecerem de forma mais dinâmica.
O mais interessante é que antes de me tornar um adulto, não me entendia da primeira forma.
Via-me, às vezes, passivo diante dos fatos.
Mas fui reconhecendo gradativamente o contrário.
Sou do outro tipo.
O amadurecimento, o passar dos anos, me fizeram entender que sou do primeiro tipo de motor vital.
Imprimi muita força para ver minha vida girar e nunca havia percebido isso.
Passei a entender assim, no momento em que vi, claramente, minha vida superar ciclos e começar outros de uma forma quase involuntária.
Parecia não ser proposital. Mas claro que era.
E é.
Definitivamente não sou expectador do mundo.
Sou protagonista da minha vida e das mudanças que cada ciclo é capaz de promover.
Nada para mim tem duração longeva.
As coisas vêm e vão naturalmente e de forma inegável, provocadas por mim.
Só o tempo pode me mostrar isso.
Arranquei-me pela raiz de forma traumática, de determinadas situações, posições e lugares.
Inicialmente entendia que a poda era externa, mas a análise da última, mostrou-me algo diferente do meu pensamento de então.
A poda é minha.
É consequência da minha vontade.
É fruto das minhas escolhas.
Escolhi agir, imprimir energia na roda da vida. Fazer a engrenagem funcionar.
Ser força motriz e águas caudalosas, não lago perene e estático, tem seus efeitos.
As podas foram realizadas, uma a uma, por seres incomodados com meus galhos, que cresceram muitas vezes e cada vez mais fortes, depois do tratamento cortante e doloroso.
Após a atual poda, que enfrento no momento, tenho certeza que virão galhos mais firmes e resistentes.
Desistam jardineiros. Não me extirparão!
Certa vez, analisando o ato da transgressão, me compreendi como um transgressor nato, no melhor sentido da palavra. Um subversor da ordem pré-estabelecida. Um motor de mudanças. Uma árvore frondosa e forte a cada poda.
Fui cepado.
Descartado em alguns momentos.
Provoquei a ação.
Inconscientemente provoquei, porque não me isentei, ou omisso me calei.
Os jardineiros e suas tesouras foram cruéis, arrancaram-me tão veementemente e com tanta força, que se não agissem assim, não me quebrariam.
Reconheço essa provação e sua natural necessidade, mas como todo ser aviltantemente ferido, mesmo vislumbrando o positivo da ação, sofre e devido a essas lembranças e sofrimento, não perdoa.
Lutei por meus direitos e pelo dos outros.
Olhei para meus desejos, mas vislumbrei também a necessidade alheia.
Incomodei muito mais do que fui incomodado.
Fiz muito, em pouco tempo.
Deixei legado por onde passei.
Marquei.
Fui amado e reconhecido.
Mas também enfrentei o ódio e a inveja daqueles que desejaram que não me reconhecessem.
Vesti camisas voluntariamente e nem por isso, deixei de ser a opção de descarte.
Me apeguei…
Por isso precisei que meus galhos fossem extirpados.
Hoje estou podado novamente.
Precisando de galhos novos e mais fortes.
Mas não deixei de girar a roda da vida.
Iniciei novo ciclo.