COLUNA: EFEITO BORBOLETA

ESPERANDO 2016

Em meio a toda confusão político-econômica brasileira ou vice versa, parodiando o antigo questionamento: “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”, reflito se a crise na economia gerou uma crise política ou se a crise política é um oportunismo daqueles que desejam tomar o poder, usando como pretexto a crise econômica.
Cada brasileiro tem o seu olhar específico sobre o que estamos vivenciando todos os dias e acima daquilo que entendemos ser certo ou errado, o que conta é o respeito e a tolerância, demasiadamente propagadas e ainda não compreendidas por muitos e tantos outros.
Um exemplo desse desrespeito confuso foi a agressão verbal e moral sofrida pelo compositor, escritor, teatrólogo, cantor e muitas coisas mais, que poderiam ser usadas para classificar o grande Chico Buarque.
“O cara é realmente um grande” e foi agredido de forma aviltante por um grupo de jovens que o acusaram pela sua escolha política de apoio ao governo.
Com toda sua educação e gentileza, o Chico tentou argumentar, mas não foi ouvido, apenas xingado.
O que está em foco aqui, não é a opção política de cada um, nem mesmo se a opinião de Chico é mais relevante que a dos jovens em questão, embora, de longe, a experiência de vida de um, nem se compara a dos outros envolvidos na questão.
Grande perda para esses jovens!
Não que por ser Chico Buarque, ele não pudesse ser questionado pela sua condição de celebridade nacional.
Não.
Chico pode e deve ser questionado sim, mas com argumentos. Com certeza, aquele grupo de jovem perdeu uma chance única, talvez, de discutir posições com uma das mentes mais produtivas do nosso país. Ganhariam muito em aprendizado de vida. Ouviriam a opinião de alguém que viveu muito para contar. Situações que esses jovens nem sonharam em viver. Perderam a chance de aprender com quem tem a ensinar e com certeza não pretendia catequizar ninguém, apenas dialogar.
Quero muito ver o Brasil superar as dificuldades.
Cada brasileiro digno, quer ver essa mudança e precisa dela.
Sou contra o impeachment. Disso tenho convicção.
Embora os favoráveis digam a todo tempo que não há golpe, pois o impeachment é constitucional, vejo aí uma tentativa de golpe sim.
O golpe está no fato daqueles que não venceram as eleições, quererem usurpar o poder que não foi confiado a eles, pela maioria da população, através do voto.
A vitória do atual governo foi apertada, o que torna a disputa acirrada um exemplo do fazer democrático de fato. Os brasileiros expuseram suas escolhas e vontades livremente, mas deixou a falsa sensação de que o povo titubeou na escolha.
Fechadas as urnas. O presidente escolhido. Chegou a hora dele, neste caso, dela, governar.
Que se façam as alianças devidas, não conchavos.
Que os poderes exerçam suas funções e obrigações e que o Brasil seja governado.
Agora, impeachment?
Não há nada que comprove um envolvimento direto da presidente em atos de corrupção que justifiquem uma cassação, como presenciamos no passado.
“Forçar essa barra” é caracterizar o golpe.
Um ano de governo se passou e nada pode ser feito a não ser assistir o país descer ao fosso.
Essa disputa política para levar vantagem em cima de uma crise econômica é atrasar o desenvolvimento.
Volto a repetir, meu real desejo é ver essa tentativa de instauração do processo de impeachment concluído, para a presidente eleita governar. Entendi que só dessa forma a crise econômica poderá ser vencida.
Espero que a megalomania pelo poder, de alguns indivíduos que não se importam com o bem coletivo, seja suplantada pelo desejo dos que querem ver a nação sair do caos.
Até porque as opções de troca não são nem um pouco convidativas.
O PMDB de Temer, Cunha e Calheiros ou o PSDB de FHC, Serra, Alckmin e Aécio?
Não vejo opções.
Alguns podem até verem essas opções como solução. Respeito. Mas não creio.
Nesse conflito, de imediato, digo com pesar: perderam aqueles jovens que se recusaram a convidarem Chico Buarque para sentarem com eles, para um papo.
Que 2016 seja diferente.
Que governe quem foi escolhido para governar.
Que a oposição cumpra o seu papel digno de fiscalizar e que possamos superar democraticamente a crise que nos assola e que tem tristemente oprimido o povo brasileiro.
Isso é o que não pode continuar.