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Dom Orani e bispos divulgam carta sobre atual momento do estado

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Religiosos classificam situação como ‘catástrofe social’

FRANCISCO EDSON ALVES

Rio – A Arquidiocese do Rio acabou de divulgar carta, assinada pelo cardeal arcebispo dom Orani João Tempesta e bispos da Regional Leste 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) — que abrange as dioceses de todo o estado —, cujo texto manifesta “angústia diante das inúmeras formas de sofrimento humano pelas quais a população do Estado vive atualmente”.

Os líderes católicos demonstram preocupação com os rumos que diversas áreas vêm tendo, diante da crise econômica e política atual, sobretudo em relação ao não pagamento de salários de servidores da ativa e aposentados.

“Como pastores, não podemos deixar de nos sentir afetados pelas lágrimas que brotam de tantas situações precárias que atingem, entre outras, as áreas da saúde, educação, alimentação, segurança, moradia, emprego, não recebimento de salários e aposentadorias”.

Os assinantes da carta afirmam esperar que os governantes “tenham a responsabilidade de encontrar com rapidez soluções estruturais para a triste realidade que atinge nossa gente”. “Investidos no poder público em seus diversos âmbitos, têm diante de si, a responsabilidade moral e legal de buscar soluções, devendo fazê-lo através da união de forças, do diálogo e também da criatividade, dentro do espírito democrático e pacífico que marca nossa nação”, ressalta outro trecho.

Os bispos alertam que em momentos de grandes dores, há a possibilidade de a sociedade em geral se fechar em embates teóricos ou ideológicos, “correndo até mesmo o risco de nos envolvermos em posturas que ultrapassem os limites do bom senso, ingressando nas raias da violência”. “Por isso, clamamos para que o empenho de cada um, desde o nível pessoal até o institucional, seja sempre marcado pela paz, pelo diálogo e pela colaboração mútua, em busca do bem comum”.

Os religiosos classificam a situação atual como “catástrofe social”. “O número de pessoas atingidas nos habilita a assim considerar o quadro que se apresenta diante de nós. Interpelados pelo Deus de Justiça, não podemos permanecer de braços cruzados e insensíveis à dor de qualquer ser humano. Temos consciência de muitas das causas da atual situação, clamamos por sua superação e consideramos urgente que se olhe para as consequências que ferem a dignidade dos filhos e filhas de Deus, atingidos de maneira ultrajante”, advertem.

O texto exorta todos os católicos e as pessoas de boa vontade, que sonham com um mundo mais humano, a que assumam sua responsabilidade na busca e na concretização de soluções. “As primeiras soluções voltar-se-ão para o imediato, isto é, para as dores que não podem esperar o dia de amanhã, aguardando os trâmites dos planejamentos e das burocracias. O ponto de partida encontra-se em cada pessoa cujo coração não se endureceu de tão acostumado a ouvir clamores, a enxergar lágrimas. Por isso, na criatividade tão própria do povo brasileiro, cada um encontre formas de ajudar a quem está bem próximo, ao alcance da mão e do coração”, aconselha.

A carta também frisa que este não é o momento de se ficar apenas apontando responsabilidades alheias, mas de agir, pensando no bem comum. “Por isso, ouvindo o clamor de nosso povo (cf Ex 3,7), conclamamos as comunidades católicas, paróquias, movimentos e demais associações para que abram suas portas e saiam, como uma igreja samaritana, uma igreja em campanha, uma igreja em missão, na busca de quem está sofrendo as mais diversas formas deste momento tão peculiar. Não se trata de aguardar quem venha bater à porta de nossas comunidades, mas, ao contrário, colocando tudo em comum (cf At 2,44), sair ao encontro de quem precisa, mobilizando os(as) batizados(as) a ações que, impulsionadas pela criatividade do Espírito Santo, sejam capazes de aliviar a dor e a penúria”.

Os bispos aproveitam ainda para convocar os fiéis para participarem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, a ser celebrada no dia 26 de maio. “Em cada uma de nossas dioceses, haverá procissões e outros momentos em honra do Santíssimo Sacramento”, lembram.

“Finalmente, diante do Deus de Misericórdia, colocamo-nos como servidores, partilhando a dor de cada coração que sofre, sonha e busca por soluções. Nós não temos todas as respostas, mas temos o desejo de colaborar para que as lágrimas sejam enxugadas, a alegria e a paz retornem aos corações, a justiça e integridade reinem cada vez mais em nossa terra”.