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O presidente da República, Michel Temer, e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia durante entrevista no Palácio do Planalto (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

É ‘indigno’ e ‘gravíssimo’ gravar o presidente da República, diz Temer

Ex-ministro Marcelo Calero diz que gravou conversa com presidente.
Calero diz que foi pressionado a liberar obra de apartamento de ministro.

 Luciana AmaralDo G1 em Brasília

O presidente Michel Temer afirmou neste domingo (27) que é “indigno” e “gravíssimo” um ministro gravar o presidente da República.

A afirmação é referência às gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de conversas com Temer e com ministros do governo sobre uma suposta interferência política em uma decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura.

Calero se demitiu depois de denunciar ter sido pressionado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, para liberar a obra de um edifício no centro histórico de Salvador no qual Geddel tem um apartamento. Calero disse que Temer também intercedeu na questão.

“Espero que essas gravações venham a público”, disse o presidente, que afirmou que é muito cuidadoso com o que fala e que a atitude de Calero foi de uma “indignidade absoluta”.

O presidente disse que “não estava patrocinando nenhum interesse privado” ao “arbitrar” a divergência entre Marcelo Calero e Geddel Vieira Lima e ter sugerido ao então ministro da Cultura encaminhar o caso para a Advocacia Geral da União (AGU).

“Você verifica que eu estava administrando conflitos de natureza pública. Quando ele [Calero] falou que não queria despachar, falei para mandar para a AGU”, disse.

Temer disse que ainda não tomou uma decisão, mas cogita fazer gravações oficiais das audiências na Presidência da República.

“Estou pensando em pedir ao Gabinete de Segurança Institucional que grave – aí publicamente –, que grave todas as audiências do presidente da República”, declarou.

Crise no governo
O pedido de demissão de Marcelo Calero no último dia 18 e as denúncias contra Geddel  abriram uma crise no governo Temer. Na sexta-feira (25), Geddel pediu demissão e deixou o governo.

Temer afirmou que, se Geddel tivesse pedido demissão antes, “talvez teria sido melhor”. “É claro que ganhou uma dimensão extraordinária. A demora não foi útil”, disse.

O presidente da República disse também que está “examinando com muito cuidado” o perfil do novo ocupante da Secretaria de Governo, em substituição a Geddel Vieira Lima. Segundo ele, é preciso alguém com “lisura absoluta” e com facilidade para conversar com os integrantes do Congresso.