‘Não quero errar de novo’, disse o governador Pezão.
Novo plano tem metas até 2030, segundo especialista da UFRJ.
Quatro dias após uma reportagem da agência Associated Press (AP) mostrar níveis críticos na qualidade da água da Baía de Guanabara – há pouco mais de um ano do início das Olimpíadas de 2016 –, o governador Luiz Fernando Pezão celebrou nesta segunda-feira (3) um acordo para monitorar a balneabilidade da Baía de Guanabara e apresentar soluções para a despoluição do local. Farão parte do acordo sete universidade e três institutos de pesquisa (dentre elas a Fiocruz, PUC, UFRJ e UFF).
Embora o governador tenha afirmado que não há uma data para o fim do projeto, o coordenador da Coppe/UFRJ, Rogério Valle, disse em sua apresentação no Palácio Guanabara que as metas vão até 2030. Valle negou, no entanto, que o projeto seja um recomeço “do zero”.
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Antes das Olimpíadas, Pezão prometeu despoluir até 80% da Baía de Guanabara. Meses depois, recuou. Nesta segunda, ele e o secretário estadual do Ambiente, André Correa, admitiram que erraram ao apresentar uma projeção otimista demais. Pezão disse ainda que a despoluição, que estaria a 17% no início de seu governo, já teria alcançado 49%.
“Quero ter o consenso de todo mundo, não só a gente falando. Vamos ter uma governança da Baía de Guanabara. Só vou saber quantos anos vão ser [para despoluir] quando todos esses investimentos que nós estamos fazendo, quase R$ 3 bilhões, não sei quanto isso impacta na diminuição da Baía de Guanabara. Não vou falar e chegar aqui que vai ser 80%, não quero errar de novo”, disse o governador. “A meta que nós estabelecemos era ousada demais”, resumiu Corrêa.
Pezão descartou que o plano lançado nesta segunda tenha acontecido em decorrência das críticas feitas pela publicação estrangeira e disse que as conversas com as universidades já existiam desde março. O convênio, porém, ainda não foi assinado e está previsto para ter início apenas em janeiro.
Porta-voz acadêmico no lançamento do projeto, Valle usou como exemplo a Baía de Sidney, que também não teria sido despoluída a tempo dos Jogos Olímpicos de 2000. “Eles não conseguiram limpar, mas ao cabo de 10 anos apresentaram uma baía razoavelmente limpa. Propusemos esta ideia. Nem mesmo em Sidney se despoluiu 100% e nem é essa a ideia”, resignou-se.