Segundo relatório do Painel de Alto Nível sobre o Acesso a Medicamentos, antibióticos e doenças raras ofereceriam pouco lucro por anos de pesquisa
A Organização das Nações Unidas divulgou nesta quarta-feira (14) um relatório em que afirma que as pesquisas da área da saúde não atendem as necessidades do setor porque privilegiam as doenças que dão maior retorno financeiro e negligenciam aquelas que rendem menos.
Entre os exemplos citados no documento do Painel de Alto Nível sobre o Acesso a Medicamentos da ONU, estão os antibióticos, que ofereceriam pouco lucro diante de anos de pesquisa. Segundo especialistas, vírus, bactérias, parasitas e fungos resistentes a drogas podem causar 10 milhões de mortes por ano em todo o mundo até 2050. A zika está entre as doenças com escassos recursos de prevenção e tratamento.
“Nunca antes nosso conhecimento científico foi tão profundo e as possibilidades de se tratar as doenças tão grandiosas. Novas gerações de medicamentos estão tratando pacientes cujos diagnósticos seriam fatais há alguns anos. Ainda assim, muitas pessoas e comunidades que precisam de métodos de proteção efetivos não os recebem. Em alguns casos, as pessoas vivem em um ambiente tão insalubre que convivem diariamente com o risco de ficar ou permanecer doente”, diz o relatório.
Segundo o levantamento, tantos os países pobres quanto os ricos são afetados pela falta de investimentos em doenças de impacto. Para a organização, os governos precisam investir mais dinheiro e desenvolver legislações que favoreçam as pesquisas para doenças negligenciadas, além de trabalhar em conjunto com a indústria farmacêutica para reduzir o preço de medicamentos essenciais, desatrelando o custo de pesquisa e desenvolvimento do valor final dos produtos.
“Doenças raras, que afetam comparativamente pequenas proporções da população, também não têm tradicionalmente atraído investimentos”, afirma o documento.
Médicos sem Fronteiras
A organização Médicos sem Fronteira (MSF) divulgou uma nota apoiando as recomendações do Painel, criado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “MSF faz um forte apelo ao secretário-geral, aos governos e à indústria para que ajam de acordo com essas recomendações, com a urgência que as questões de saúde pública exigem.”
Diretor de políticas e análises da Campanha de Acesso de MSF, Rohit Malpani pediu, assim como a ONU, mais transparência das empresas farmacêuticas no que diz respeito aos custos de pesquisa e aos preços dos medicamentos. “É preciso romper a ligação entre o financiamento da pesquisa e o preço cobrado pelas empresas por tecnologias essenciais de saúde, e reduzir as barreiras existentes.”
*Com informações da Agência Brasil