PM descarta apologia às drogas em show de dupla sertaneja

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Dupla alega que trecho sobre maconha foi cantado apenas pelo público.
Músicos vão responder por desacato

Depois de avaliar as imagens do show da dupla sertaneja Junior e Gustavo, detida na madrugada de segunda-feira (7) durante a Exposição Agropecuária de Macuco, na Região Serrana do Rio, o comandante do 11ª Batalhão da Polícia Militar (BPM), coronel Carlos Eduardo Hespanha, descartou nesta terça (8) a ação dos músicos como apologia às drogas. No entanto, o comandante disse que reprova a atitute da dupla que, segundo ele, incitou a população contra a PM. Ele afirmou ainda que os policiais não pediram para interromper o show. Para o advogado dos músicos, a ação da polícia foi arbitrária e houve abuso de autoridade.
“Analisamos o vídeo que fizeram do momento do show e ouvindo outras versões, acredito que não configura apologia, pois os músicos não estavam cantando a parte que menciona sobre as drogas. Mas ao contrário do que foi dito, nossos agentes solicitaram, e não mandaram, que parassem com o funk no momento em que começaram a cantar alguns funks conhecidos. Depois vimos que não são esses considerados ‘proibidos’ e começaram diversas brigas”, afirmou o comandante.
No vídeo que está circulando pelas redes sociais, Junior e Gustavo aparecem cantando um trecho da música “Cadê o isqueiro?”, onde o público interage com os cantores usando celulares e isqueiros nas mãos. Após essa música, a dupla canta outros funks conhecidos.
Ainda de acordo com Hespanha, “para tentar conter as brigas, que antes desse momento do show não foram registradas, os policiais pediram apenas para parar com o funk, e não que interrompesse o show. Estava tudo calmo antes”. Para o comandante, os policiais não agiram no intuito de prender os cantores e a ação aconteceu quando “eles desacataram os policiais publicamente no palco, colocando a população contra a PM”.
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Segundo ele, o desacato também aconteceu pessoalmente e os policiais aguardaram até o final do show para abordar os músicos. Hespanha também afirmou que, em nenhum momento, houve preconceito com o funk.
“A cidade é pequena, com uma população pacata e calma. Não aprovamos o desrespeito que houve com a PM, que estava lá justamente para garantir a ordem e tranquilidade do show. E esta é a segunda vez que eles são detidos por algo do tipo”, destacou Hespanha.
Após a nova declaração da Polícia Militar sobre o caso, a Polícia Civil voltou a afirmar que o caso foi registrado como “desacato aos policiais militares”. O caso foi registrado na 154ª Delegacia de Polícia, em Cordeiro.
Dupla se defende
Nesta terça-feira (8), o G1 entrou em contato com os cantores novamente. “Quem cantou a música foi o público. Nós puxamos a primeira parte, mas a frase sobre maconha não foi cantada por nós”, enfatizou o cantor Junior.
A dupla ainda se defendeu afirmando que essa música é famosa e cantada por vários artistas em seus shows. “Em vários shows o povo levanta os celulares e acende isqueiros, mas nós não cantamos nenhuma apologia”, disse Junior.
Em entrevista por telefone, o advogado da dupla, Marcus Senna, disse que houve “arbitrariedade” e abuso de autoridade por parte da Polícia Militar. “Eu concordo com a dupla que também teve um preconceito com o estilo musical. A PM deveria ter coibido as brigas e não a música”, disse, completando:
“Repare no vídeo que eles não dirigem qualquer ofensa à polícia quando se manifestam, não falam que eles estavam roubando o povo, mas sim que existia uma roubalheira na política. E que seria hipocrisia discriminar uma manifestação cultural enquanto o povo vem sofrendo com todos os desvios. O vídeo afasta inteiramente a acusação de desacato”, explicou Marcus.
O advogado também afirmou que vai esperar a conclusão do inquérito para dar prosseguimento ao processo.
Entenda o caso
A dupla sertaneja Junior e Gustavo foi detida pela PM na madrugada de segunda-feira (7) durante o show na Exposição Agropecuária de Macuco, pois, segundo a PM, os músicos faziam apologia às drogas com músicas de funk. Quando eles entraram nas viaturas para serem levados à 154ª DP, houve gritaria e vaias à ação da PM.
Segundo a assessoria de imprensa dos cantores, o som foi interrompido no momento em que a dupla cantava um ‘pout pourri’ com quatro funks antigos: Rap da Felicidade, Rap do Silva, Rap do Salgueiro e Rap da Estrada da Posse. Os músicos contam que há mais de cinco anos a dupla reserva um momento da apresentação para cantar funks antigos.
O município lamentou o ocorrido e informou que o prefeito acompanhou os músicos na delegacia durante o registro da ocorrência. A Prefeitura informou ainda que havia contratado um show com duas horas e dez minutos de duração e que o público perdeu cerca de 50 minutos de apresentação.
Andressa Canejo e Juliana Scarini
Do G1 Região Serrana