terça-feira, 3 de setembro de 2024 - 6:30

PMDB do Rio abandona Dilma na hora da verdade

Somente dois deputados da bancada vão votar contra o impeachment em Brasília neste domingo

CAIO BARBOSA
Rio – Fiel escudeiro do governo federal desde o segundo turno das eleições de 2006, o PMDB fluminense abandona, definitivamente, a presidente Dilma Rousseff na votação da tarde deste domingo, que pode pôr fim aos 14 anos de gestão do Partidos dos Trabalhadores.

O namoro começou com a aliança entre o então senador Sérgio Cabral e Lula. O primeiro, então senador, disputava o governo do estado contra Denise Frossard (PPS). Lula, por sua vez, concorria à reeleição contra Geraldo Alckmin (PSDB), um ano após o Mensalão.

A vitória de ambos nas urnas transformou o namoro em casamento, com direito a muitas declarações de amor de parte a parte e um conjunto de obras que serviram como propaganda de gestão eficiente, tanto para Lula como para Cabral.Posteriormente, veio Eduardo Paes, que entrou para o triângulo amoroso-político ao trocar o PSDB pelo PMDB e abocanhar a Prefeitura do Rio.Hoje, porém, o amor acabou. Dos 11 deputados da bancada fluminense, apenas Leonardo Picciani e Celso Pansera estarão com Dilma. Os demais, a começar pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, são a favor do impeachment. Inclusive Pedro Paulo Carvalho e Sérgio Zveiter, ligados a Eduardo Paes, que há um mês havia dito a Lula que seria um soldado a favor de Dilma, mas acabou roendo a corda junto aos demais.

O PMDB fluminense não é o único a abandonar o governo federal. No estado onde o PT sempre obteve vitória nas urnas em nível nacional, e onde muitos bilhões de reais foram investidos nos últimos anos, apenas 11 dos 46 deputados estão com Dilma.

Além de Picciani e Pansera, Alessandro Molon (Rede), Jandira Feghali (PCdoB), os psolistas Chico Alencar, Jean Wylls e Glauber Braga, além, claro, dos petistas Luiz Sérgio, Wadih Damous, Benedita da Silva e Chico D’Ângelo.

As conjunturas políticas, no entanto, podem reservar novidades de última hora. Como, por exemplo, a retirada repentina do apoio da deputada federal Clarissa Garotinho (PR) ao impeachment de Dilma.

Clarissa era do PMDB em 2006, quando o diretório fluminense decidiu apoiar Lula. À época, no entanto, a deputada era filha do ex-governador Anthony Garotinho que, rompido com Sérgio Cabral, apoiou Geraldo Alckmin na eleição presidencial.

Semana passada, ela garantia que a sua gravidez de oito meses não a impediria de votar contra Dilma. Anteontem, no entanto, apresentou atestado médico que a impede de viajar. A mudança de últuima hora foi comemorada como uma vitória do governo petista.

Atos: ao vivo no plenário

A votação de hoje no plenário da Câmara dos Deputados terá um ingrediente a mais. Se a comissão especial do impeachment se mostrou mais preocupada com o termômetro das ruas do que com o fato de haver ou não, nas pedaladas fiscais, crime de responsabilidade que justifique o afastamento de Dilma, hoje o plenário terá um prato cheio. O líder da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu exibir imagens das manifestações que ocorrerão hoje pró e contra o impeachment dentro do plenário. Dois telões serão instalados para que os deputados avaliem o clima das ruas antes de decidirem seus votos.

Segundo a diretoria-executiva da Comunicação Social da Câmara, os telões exibirão as imagens de duas câmeras externas: uma no 28º andar e outra sobre a laje do Congresso, entre as cúpulas da Câmara e do Senado. O órgão, subordinado ao deputado Eduardo Cunha, garante que serão transmitidas imagens dos dois grupos, pró e contra o impeachment, para que os deputados tenham a visão do clima das ruas.

A ideia de instalar os telões partiu dos deputados da oposição, principalmente os ligados ao presidente da Casa. Como justificativa, a diretoria de comunicação da Câmara dos Deputados informou que o impacto que o processo de impeachment está provocando na sociedade “não é leve, nem trivial”, mas “algo solene que o parlamentar precisa refletir”. Outra desculpa foi a de que o avanço tecnológico permitiu esse tipo de contato “entre o parlamentar e as ruas”. A Câmara também instalará dois enormes telões do lado externo, para que os manifestantes acompanhem ao vivo a votação.

Os telões são mais uma inovação de Cunha no processo. Ele já havia alterado a ordem de votação dos deputados no plenário: em vez de alfabética, como foi no impeachment de Fernando Collor de Mello, será por bancadas de estados. A mudança na votação foi referendada pelos ministros do Supremo, em sessão na quinta-feira, que entrou pela madrugada.

VEJA MAIS

Quase 200 materiais abandonados são apreendidos pela Guarda Municipal na Barra da Tijuca

Guarda Municipal apreende quase 200 materiais irregulares abandonados na Barra da Tijuca – Guarda Municipal/Prefeitura…

Sem Brasil, sete países latino-americanos criticam mandado de prisão de González

Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai divulgaram, nesta segunda-feira (2), comunicado…

Operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, deixa cerca de 2 mil alunos sem aulas

Uma operação na favela do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro,…

Pular para o conteúdo