Procura por vacina contra HPV é baixa, alerta Saúde do RJ

Estado do Rio vacinou 43,51% do público-alvo; meta é vacinar 80%.
Meninas de 9 a 11 anos devem fazer a imunização, diz secretaria.

Há pouco mais de um ano, a vacina contra o HPV entrou para o calendário obrigatório do Ministério da Saúde. Mas o Estado do Rio está longe de cumprir a meta do ministério: até segunda-feira (24) vacinou 43,51% do público-alvo, as meninas de 9 a 11 anos. A meta do ministério é vacinar 80% dessas meninas.

O alerta é da própria Secretaria de Estado de Saúde, que informou nesta terça-feira (25) que há municípios que sequer alcançaram 20% de cobertura vacinal. A média nacional também ficou longe da meta: 49,63%.
Para o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, a baixa procura pela vacina se deve ao fato de as meninas, por serem muito jovens, se tornarem um público mais difícil de ser conscientizado a ir ao posto de saúde para se vacinar contra um vírus sexualmente transmissível, o HPV, o papilomavírus humano. O especialista explica que a imunidade a longo prazo só é garantida se forem tomadas três doses da vacina.

“Um dos grandes desafios que enfrentamos é que o HPV é uma doença sexualmente transmissível e as pessoas não se sentem vulneráveis, ainda acreditam que esta é uma realidade muito distante. Por isso, muitas não procuram os postos de saúde para se vacinar. É fundamental que as pessoas tomem as três doses: a segunda seis meses após a primeira, e a terceira dose cinco anos depois”, afirmou Chieppe.

A secretaria considera preocupante a situação dos municípios com baixa cobertura vacinal. Alguns não conseguiram vacinar nem 20% do público-alvo como Cardoso Moreira (7,78%), Resende (11,07%), Santo Antônio de Pádua (12,42%), Japeri (18,27%), São Francisco de Itabapoana (16,9%) e São João da Barra (19,92%).

Mas 11 municípios já bateram a meta do Ministério da Saúde: Búzios, Sumidouro, Duas Barras, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Bom Jesus de Itabapoana, São Sebastião do Alto e Vassouras já bateram a meta. E Macuco, São José de Ubá e Comendador Levy Gasparian foram além, vacinaram 100% do público-alvo.
Segundo a secretaria, a região Centro Sul fluminense é a que tem a maior cobertura vacinal: 61,12%. Já o Médio Paraíba foi a região que menos vacinou: apenas 30,74% do público-alvo foi imunizado.
Vacina começou em março de 2014
Em março de 2014, a vacina contra o HPV foi disponibilizada gratuitamente nos postos de saúde pelo ministério. No mesmo ano, foram vacinadas 5 milhões de meninas de 11 a 13 anos.

“A incorporação da vacina contra o HPV ao calendário obrigatório fez com que ela pudesse ser encontrada durante todo o ano nos postos de saúde, não apenas em um período específico como em campanhas. A vacina é uma das formas mais eficazes de proteção contra o vírus e o câncer de colo de útero”, afirma Chieppe.

Em 2015, passaram a ser vacinadas meninas de 9 a 11 anos. A mudança na faixa etária foi determinada com base em estudos que mostram que a vacina tem maior eficácia se for administrada em adolescentes que ainda não foram expostas ao vírus, pois, nessa idade, há maior produção de anticorpos contra o HPV que estão incluídos na vacina.

De acordo com a secretaria, a vacina contra HPV é segura e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para prevenção do câncer do colo do útero – terceiro tipo mais frequente na população feminina e terceira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. A vacinação é uma estratégia de saúde pública adotada em outros 51 países, que já somaram mais de 175 milhões de doses desde 2006 em imunização, sem registros de eventos que pudessem pôr em dúvida a segurança da vacina.