EDUCAÇÃO EM FOCO
Ensino Médio na UTI
O país que não investe em Educação está fadado à estagnação.
Isso significa que um povo mal informado e sem conhecimento não se desenvolve e nem cria um pensamento crítico, capaz de questionar o senso comum e o status quo, que facilita a manobra da população.
A quem essa situação interessa?
Ao estado que prefere manter-se na linha do subdesenvolvimento e das práticas populistas e clientelistas, que acirram a distribuição desigual de renda, promovendo a concentração de riquezas nas mãos de poucos?
Ao estado que pretende evoluir e se desenvolver?
O país que deseja vencer as desigualdades e promover a qualidade de vida da população, oferecendo oportunidades iguais para todos, não tem outro caminho se não a Educação, vista como investimento e não gasto.
Esse pensamento retrógrado e inconsequente por parte dos governantes, sucateou a educação pública. Tomamos como exemplo, a truculência do governo do estado do Rio de Janeiro e de outros estados, bem como do governo federal, que atacam ferozmente professores, com atitudes de descaso e até mesmo, de violências físicas e contra a própria dignidade dos profissionais da educação.
O Brasil enfrenta uma realidade educacional que apresenta índices indesejáveis.
Não há dúvida que o investimento pobre no setor, a desvalorização dos profissionais da área, com salários baixos e péssimas condições de trabalho, a cada dia acirram a decadência da educação, baixando sua qualidade.
Entende-se que baixa qualidade na educação, produz indivíduos despreparados, levando à carência de profissionais especializados, visto a redução da procura por cursos de licenciatura e a necessidade de importação de mão de obra qualificada, porém cara e sem comprometimento com o desenvolvimento do país.
O Brasil está se deparando com uma realidade caótica no seu sistema de ensino público, no setor da Educação Básica, que envolve a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
Entretanto, deste tripé que consiste a Educação Básica, o Ensino Médio é que tem demonstrado maiores índices de insuficiência dos alunos.
Mudar esse panorama é uma necessidade urgente.
Mas de onde partir em prol dessa mudança emergencial?
Especialistas em educação e professores se dividem na avaliação dessa questão e as opiniões são diversas.
Para o ministro da educação, há de se promover uma grande discussão acerca do currículo que tem sido utilizado no Ensino Médio.
São 13 disciplinas vinculadas a 4 áreas do conhecimento.
A pergunta em questão e que tem mobilizado as discussões e o desencontro nas opiniões é se essas 13 disciplinas deverão se unificar dentro das áreas.
Para alguns essa é uma temeridade, pois esvaziaria-se os conteúdos de cada uma delas, empobrecendo o ensino dos alunos, principalmente os das escolas públicas. Esse grupo defende a permanência das disciplinas dentro de suas áreas, mantendo a autonomia de cada uma delas, mas promovendo uma interface entre elas, atribuindo-lhe expressividade para o entendimento da vida.
Já outros setores acreditam que o excesso de conteúdos é massacrante e o aluno tende a estudar apenas os conceitos dos conceitos, que isso em nada contribui para a formação do cidadão e que o conhecimento tem seu valor intensificado quando ele tem conexão com a vida do aluno, ou seja, educar para a vida.
Estão aí as duas linhas pedagógicas vigentes na análise do desenvolvimento do Ensino Médio e a busca incessante para se resolver a crise dessa modalidade de ensino, que se agrava com a faixa etária da clientela matriculada nesse segmento, que já é bastante complexa e que muitas vezes se apresenta em distorções, como a defasagem idade – série e a evasão escolar que é muito grande.
Diante disso, o impasse está instalado.
O que pode se tornar um consenso entre as partes é a promoção de um estudo minucioso sobre a elaboração de um currículo mais adequado ao segmento.
Mas partir de onde?
As quatro áreas do conhecimento englobam a Língua Materna/Português, a Literatura e as Artes, as Línguas Estrangeiras e a Educação Física, na Área das Linguagens. A Matemática compõe uma área única. A área das Ciências Humanas agrupa a História, a Geografia, a Filosofia e a Sociologia; enquanto Física, Química e Biologia integram a área de Ciências da Natureza.
Promover um diálogo entre todos esses conhecimentos, sem desprezar nenhum, tornou-se o grande desafio para os articuladores do Ensino Médio.
É preciso vencer as dificuldades sem que os alunos saiam prejudicados, mas que seja possível reverter a considerável queda desse segmento, que precede à entrada do indivíduo nos cursos superiores e técnicos.
Mexer no currículo sem causar dano ou empobrecê-lo é uma tarefa de extrema responsabilidade e consciência.
Fingir que as perdas não existem é uma insensatez e falta de comprometimento com a nação e com o futuro dos cidadãos.
Entretanto, há que se formar uma força tarefa composta por profissionais interessados e experientes, para estudarem todo o currículo e promover as mudanças necessárias, sem mutilá-lo ou degradá-lo, mas sim, aproximá-lo do ideal, não permitindo que ele perca expressividade, mas que também não se torne um elefante branco, inexpressivo e causador de barreiras para a continuidade do estudo de nossos jovens.
Essa é a grande conquista que a Educação Brasileira espera, para que ela seja coerente, consistente, prática e que acima de tudo, produza o sucesso e não o fracasso dos estudantes.